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    Celso Amorim convence Lula a interromper compra de blindados fabricados em Israel

    Para o ex-chanceler, não faz sentido negociar com um país que destrata o presidente brasileiro. Ministério da Defesa e Exército tentam destravar a compra

    (Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil (26/06/2023))

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    247 - Um embate envolvendo o assessor especial da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, e o Ministério da Defesa resultou na interrupção da compra de 36 blindados fabricados pela israelense Elbit Systems, segundo o UOL. O Exército, que busca modernizar sua infantaria mecanizada desde 2017, viu sua licitação internacional vencida pela empresa israelense, mas a intervenção de Amorim, ex-chanceler, levou o presidente Lula (PT) a suspender o acordo.

    Amorim argumentou que a postura do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em relação ao Brasil justificaria a suspensão. Recentemente, Netanyahu atacou o presidente brasileiro, e o governo israelense declarou Lula como “persona non grata” após ele comparar a situação dos palestinos na Faixa de Gaza ao Holocausto.

    O cancelamento da compra gerou descontentamento no Exército, já que os blindados israelenses superaram os concorrentes em avaliações técnicas. A aquisição, avaliada em R$ 1 bilhão, é considerada crucial para o Programa Forças Blindadas, que visa posicionar o Brasil como uma das principais potências de infantaria das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.

    A decisão de interromper a compra afeta o cronograma de modernização, que inclui treinamentos e novos protocolos operacionais para as tropas. Desde abril, o impasse provocou a intervenção do ministro da Defesa, José Múcio, que busca convencer Lula a retomar o negócio.

    Para Múcio e o Ministério da Defesa, o assunto é de Estado, não devendo ser influenciado por desavenças diplomáticas. A corporação destaca que as relações do Brasil com Israel permanecem inalteradas e que o uso dos blindados ultrapassa os mandatos dos atuais líderes.

    Amorim sugeriu repassar o contrato à segunda colocada, uma empresa tcheca, mas a Defesa rejeitou, apontando a falta de justificativas técnicas para tal alteração, o que poderia estabelecer um precedente arriscado.

    Como alternativa, Múcio propôs incentivar a produção nacional dos veículos. A Elbit Systems se comprometeu a construir uma nova fábrica no Brasil, garantindo que parte das peças seja produzida localmente. As duas primeiras unidades dos blindados seriam fabricadas com 60% de componentes israelenses e 40% nacionais, para testes de adequação às especificações do Exército. Os demais 34 veículos seriam totalmente fabricados no Brasil.

    A proposta foi apresentada a Lula, que ainda não definiu um prazo para a decisão final. A oferta de gerar empregos e impulsionar a indústria nacional pode fortalecer a aprovação dentro do governo, alinhando-se aos objetivos do PT de fomentar mão de obra qualificada e reindustrializar o país.

    Enquanto isso, o Ministério da Defesa espera que o Tribunal de Contas da União se pronuncie contra a possibilidade de contratação da empresa tcheca, defendendo que a continuidade do programa não pode ser prejudicada por impasses diplomáticos.

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