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    Com novos elementos, PF quer concluir em novembro inquérito que implicará Bolsonaro em tentativa de golpe de Estado

    O envolvimento do ex-mandatário na preparação da minuta golpista deve ser reforçado

    Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, São Paulo-SP, 7 de setembro de 2024 (Foto: Reuters)

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    BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal trabalha para concluir em novembro o inquérito que vai implicar Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto das investigações, a última das apurações mais sensíveis sobre o ex-presidente da República.

    O envolvimento de Bolsonaro na preparação da minuta golpista será reforçado, conforme a fonte, com elementos que foram colhidos a partir da análise de dados que a PF obteve em buscas e apreensões realizadas no curso das apurações, inclusive no inquérito da chamada Abin paralela, o esquema de espionagem ilegal de adversários promovida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

    A expectativa inicial era que a investigação sobre a tentativa de golpe fosse encerrada em agosto, mas ela foi postergada após a PF ter pedido o compartilhamento de provas do inquérito da Abin paralela, em que se encontrou novos elementos para instruir toda a ação engendrada por Bolsonaro e aliados para impedir no final de 2022 a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

    Segundo a fonte, a PF tem buscado fazer a vinculação do uso de todo o aparato do Estado pela gestão anterior para impedir tanto a assunção de Lula após a vitória eleitoral dele quanto promover o fatídico 8 de janeiro, quando um grupo de bolsonaristas partiu da frente do QG do Exército em Brasília para depredar os prédios dos Três Poderes, principalmente a sede do Supremo Tribunal Federal.

    "O 8 de janeiro ainda foi o último suspiro numa tentativa do golpe. Mesmo os atores que trabalharam para a elaboração da minuta, para a efetivação do golpe que o presidente acabou não tendo coragem, eles seguiram arquitetando até acontecer o que aconteceu no dia 8 de janeiro", disse a fonte.

    Novos elementos foram encontrados em telefones celulares de alvos de operação, conforme a fonte, que não pôde detalhar os achados que devem constar no relatório final que será encaminhado no próximo mês ao Supremo.

    Procurada, a defesa de Bolsonaro não respondeu de imediato a um pedido de comentário. O ex-presidente e seus advogados sempre negaram envolvimento em qualquer ilegalidade.

    A possibilidade de concluir essa apuração contra Bolsonaro foi noticiada primeiramente pelo G1 nesta terça-feira.

    Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outras duas investigações, o da adulteração dos cartões de vacinas de Covid-19 e o da apropriação de joias recebidas do governo saudita. Ao final, caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir se denuncia Bolsonaro e outros investigados nessas apurações ao STF.

    Em março, conforme reportagem da Reuters à época, a PF já discutia as penas a que Bolsonaro poderia responder que, somadas, superariam os 55 anos de pena. Ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica já haviam envolvido, em depoimentos à PF, o ex-presidente em conversas de teor golpista, segundo noticiou a Reuters naquele mês.

    O ex-presidente, cujos candidatos apoiados por ele tiveram expressivos resultados no primeiro turno nas eleições municipais, já está inelegível até 2030.

    Ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por ter promovido, quando presidente, uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada para atacar o sistema eletrônico de votação do país. O TSE também tornou Bolsonaro inelegível por abuso de poder no Bicentenário da Independência.

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