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Crime organizado já se tornou máfia no Brasil, diz Mario Luiz Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública

"Está muito claro que há articulações do crime com o mundo privado e que eles estão procurando construir ligações com o mundo público", afirmou Sarrubbo

Mário Luiz Sarrubbo (Foto: ALESP)

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247 - Com uma série de atentados violentos contra candidatos e um recorde de apreensões de dinheiro em espécie durante as eleições municipais de 2024, o Ministério da Justiça sinaliza que o crime organizado no Brasil ultrapassou as práticas convencionais e já opera em modelo de máfia. O diagnóstico é do secretário nacional de Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, que compartilhou a avaliação em entrevista ao O Globo. Frente ao cenário preocupante, Sarrubbo destaca a criação de um grupo de trabalho no Ministério da Justiça para formular propostas de leis antimáfia, com o objetivo de combater a intensificação do poder e influência das facções.

“Não é só crime organizado, é atuação de máfia. (Ações criminosas durante as eleições) são a comprovação do diagnóstico que nós fizemos. Está muito claro que há articulações do crime com o mundo privado e que eles estão procurando construir ligações com o mundo público,” afirmou Sarrubbo. 

A pesquisa das organizações Terra de Direitos e Justiça Global revela um aumento alarmante de 130% nos casos de violência política comparado ao último pleito municipal, em 2020. Em um dos episódios mais graves, um candidato a prefeito em Taboão da Serra (SP) foi baleado no ombro, enquanto uma candidata a vereadora do Rio de Janeiro teve seu carro alvejado. Segundo a Polícia Federal, as investigações sobre corrupção eleitoral e compra de votos resultaram na apreensão de R$ 23,3 milhões em espécie, um volume quinze vezes superior ao valor confiscado nas últimas eleições municipais.

Diante deste avanço, Sarrubbo defende uma 'reação nacional' que vá além de meras alterações punitivas. “Nós temos que reagir à altura. Por isso, estamos trabalhando no campo legislativo. Mas é preciso sair do lugar comum de aumentar a pena. A ideia é ser muito mais consistente e efetivo em medidas cautelares, como abreviar procedimentos para a perda de bens dos criminosos”, argumenta o secretário.

Sarrubbo defende que processos judiciais sejam “desburocratizados” para evitar a devolução de bens de facções ou a soltura de criminosos por falhas na legislação, como ocorreu com André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, suposto chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi libertado pelo Supremo Tribunal Federal em 2020 e permanece foragido após ter nova prisão decretada.

Investigação e inteligência aprimorada - Sob a liderança de Rodney da Silva, a Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diop) tem se dedicado a integrar bancos de dados e tecnologias de inteligência entre as forças de segurança brasileiras. Silva coordenou a sala de comando e controle das eleições deste ano, sediada na Polícia Rodoviária Federal, e destacou que o aumento nos números de violência política e de apreensão de dinheiro é reflexo de um esforço conjunto de repressão.

“O número aumentou bastante. Mas tudo isso tem que ser apurado detalhadamente para que tenhamos uma visão do todo. Qual é a origem disso? Pode ser a infiltração, a tentativa de ocupação de espaço no crime organizado? Provavelmente, pode ser. Mas precisamos ter o resultado final das apurações para falar isso com propriedade,” comentou Silva. 

No segundo turno, a sala de comando volta a operar com representantes de todas as secretarias estaduais de segurança pública, monitorando ameaças e atentados relacionados à disputa eleitoral. A iniciativa é parte de um esforço maior para enfrentar as redes criminosas, que segundo o governo, já possuem as características de uma máfia estabelecida.

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