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    Em conversa com Mauro Cid, ex-ministro da Defesa chama Bolsonaro de 'ingrato' após isolamento nos EUA

    General Paulo Sergio Nogueira foi indiciado pela PF, juntamente com Bolsonaro e mais 35 pessoas, por participar de uma suposta trama golpista

    Paulo Sérgio Nogueira e Jair Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/ EBC)

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    247 - Um dos 37 indiciados por suposto envolvimento no plano de golpe de Estado que visava manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira demonstrou frustração com a postura do ex-presidente, que, após deixar o país em direção à Flórida (EUA), se manteve distante e sem responder às suas tentativas de contato.

    Em mensagem enviada a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no dia 19 de janeiro de 2023, Nogueira lamentou a falta de resposta do ex-presidente. "Mando mensagem pro PR, mas ele não fala nada, apenas encaminha o de sempre. Chega a ser ingrato, mas tudo bem", disse o general, de acordo com o jornal O Globo. Nesse momento, os atos golpistas  de 8 de janeiro já haviam ocorrido, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente e Bolsonaro isolado no exterior, sem previsão de retorno ao Brasil.

    Em seguida, Nogueira continuou, destacando que continuava "acompanhando tudo e defendendo sempre o PR", e questionou sobre os planos de Bolsonaro, mencionando sua permanência nos Estados Unidos. "Vamos em frente. Quais são os planos dele, volta quando? Estamos aqui, acompanhando tudo e defendendo sempre o PR. Abraço! Selva!", escreveu, mostrando apoio a Bolsonaro, mesmo após a posse do novo governo.

    As mensagens, interceptadas pela Polícia Federal durante as investigações sobre o plano golpista, indicam que, além do distanciamento de Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa estava ativamente envolvido em tentativas de pressionar os comandantes das Forças Armadas a apoiar o golpe, impedindo a posse de Lula. Contudo, o plano não teve sucesso, uma vez que o chefe do Exército e da Aeronáutica se recusaram a apoiar a iniciativa.

    Em conversas anteriores, datadas de 2 de janeiro de 2023, Cid havia expressado preocupação com a possibilidade de ser preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Em resposta, Nogueira tentou tranquilizá-lo, minimizando as ameaças. "Bom dia amigo! Vai acreditar em tudo que mandam??? Um dos maiores erros do PR foi acreditar muito nas mídias sociais! Estamos juntos!", escreveu.

    Nos dias que se seguiram, o ex-ministro também revelou um esforço para tentar convencer outros altos oficiais a aderirem ao golpe, como ficou evidente durante um depoimento prestado à Polícia Federal pelo brigadeiro Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica. Segundo o depoimento, Nogueira convocou Baptista Junior para uma reunião no Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, onde lhe apresentou uma minuta com teor golpista. 

    Ao questionar Nogueira sobre a proposta de não permitir a posse de Lula, Baptista Junior recusou qualquer envolvimento com o plano e afirmou que a Aeronáutica não aceitaria um golpe de Estado, retirando-se da sala em seguida.

    Até o momento, Nogueira não se manifestou publicamente sobre seu indiciamento ou sobre os desdobramentos da investigação.

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