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    Esquerda vence a extrema direita nas redes no debate sobre 'privatização das praias'

    Turbinado pela entrada de influenciadores digitais e celebridades no debate, tema mobilizou cerca de 9,3 milhões de interações nas redes

    Praia no Rio (Foto: Tânia Rego/ABR)

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    247 - No palco das redes sociais, a 'PEC das Praias' enfrentou uma onda avassaladora de oposição. Com a entrada de influenciadores digitais e celebridades fora do meio político, como a atriz Luana Piovani, a Proposta de Emenda Constitucional que prevê a transferência da propriedade de terrenos de marinha para estados, municípios e proprietários privados acabou isolada e derrotada nas plataformas digitais, em uma vitória da esquerda.

    Antes de 24 de maio, a PEC das Praias era um tema quase invisível nas redes sociais, relata o jornal O Globo. A proposta, em tramitação no Congresso e relatada e defendida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), começou a ganhar visibilidade graças a esforços de organizações e ambientalistas, como o Observatório do Clima. A partir de uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 27 de maio, ativistas se mobilizaram para criticar a medida, argumentando que ela poderia levar à "privatização" de praias e comprometer a biodiversidade.

    A virada ocorreu quando o movimento Euceano publicou um vídeo em 24 de maio, que rapidamente viralizou. Mergulhadores e documentaristas criticaram a PEC e incentivaram seguidores a pressionarem os parlamentares. Apesar desse impulso inicial, o tema ainda não havia rompido a bolha dos ativistas e do público ambientalista até a intervenção de figuras conhecidas fora da política.

    Foi a entrada de Luana Piovani e outros influenciadores que elevou o debate a um novo patamar. A atriz utilizou suas redes sociais para expressar sua oposição à PEC, direcionando críticas tanto ao texto quanto ao jogador Neymar, que havia anunciado um projeto de construções de luxo no litoral nordestino. Piovani questionou a integridade de Neymar, ligando-o à proposta no Senado e gerando um frenesí de discussões online. 

    O impacto foi imediato e substancial. Entre 28 de maio e 3 de junho, o Google registrou 674 mil buscas relacionadas a Neymar e 103 mil sobre Luana, destacando o poder de atração de temas que envolvem celebridades. A PEC das Praias, nesse contexto, mobilizou 9,3 milhões de interações, incluindo menções em sites, blogs e contas do Instagram, conforme análise da consultoria Bites.

    A direita e a extrema direita, que tradicionalmente dominam o debate nas redes sociais, ficou ausente dessa disputa. Segundo a consultoria Arquimedes, 86,5% das publicações no X sobre a PEC foram críticas à proposta. Em contraste, as tentativas de defender a medida se limitaram a rebater a alegação de "privatização das praias", sem apresentar argumentos sólidos em favor da sua aprovação.

    A análise revelou que dos 13 senadores do PL, apenas Flávio Bolsonaro postou sobre a PEC, enquanto outros líderes digitais de direita, como os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP), permaneceram em grande parte silenciosos. O pouco engajamento da direita nesse debate sugere uma desarticulação inusitada para um campo que, geralmente, é muito eficaz nas redes sociais.

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