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Kakay critica 'Congresso de ultradireita' por PL do aborto: "hipocrisia e desfaçatez"

Advogado lembrou um artigo que escreveu em 2010, em que já destacava a hipocrisia e a falta de compromisso com a realidade brasileira na discussão sobre o tema

Kakay (Foto: Reprodução)

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247 - O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, fez duras críticas ao Congresso Nacional pelo avanço do projeto de lei que equipara o aborto realizado após 22 semanas ao crime de homicídio. Em texto a jornalistas nesta quinta-feira (13), Kakay classificou a iniciativa como um ato de "hipocrisia e desfaçatez", apontando para a responsabilidade do legislativo dominado por uma "ultradireita".

Kakay lembrou um artigo que escreveu em 2010, durante a campanha presidencial entre Dilma Rousseff e José Serra, publicado na Folha de S. Paulo. Naquela ocasião, ele já destacava a hipocrisia e a falta de compromisso com a realidade brasileira na discussão sobre o aborto. No artigo, Kakay relatou suas experiências pessoais envolvendo o aborto, ressaltando a dor e o sofrimento enfrentados pelas mulheres e por ele mesmo, ao longo de três episódios distintos.

"Sou católico e tive uma formação que cumpriu o rito das famílias católicas no Brasil. Por contingências da vida, em três diferentes oportunidades, com três parceiras distintas, há longo tempo, eu me vi impelido a encarar um aborto", escreveu Kakay. Ele descreveu as circunstâncias dolorosas e traumáticas de cada situação, desde a precariedade e os riscos de um aborto clandestino até a frieza de um procedimento realizado em condições mais seguras, mas igualmente marcante.

Em sua crítica atual, Kakay denuncia a abordagem punitivista do Congresso, que ignora a complexidade e as nuances da questão do aborto. "O Congresso de ultradireita quer responsabilizar a mulher que fizer aborto com pena igual ao homicídio… hipocrisia e desfaçatez! Respeitem as mulheres!!", afirmou.

No artigo de 2010, o advogado destacou que a pergunta "Você é a favor do aborto?" é equivocada e mal-intencionada, sugerindo que a discussão deveria focar na realidade dos milhões de abortos clandestinos que ocorrem no Brasil todos os anos. Kakay citou dados alarmantes: à época, cerca de 1,1 milhão de abortos clandestinos eram realizados anualmente no país, resultando em cerca de 200 mortes por ano, segundo dados do SUS.

Ele argumentou que o aborto é, antes de tudo, uma questão de saúde pública e que deveria ser tratado como tal pelos legisladores. "O fato concreto é que uma em cada cinco brasileiras de até 40 anos já abortou e mais de 5 milhões de brasileiras já passaram por esse trauma. É a realidade batendo nas nossas caras e clamando para ser encarada como o que é: um problema, seríssimo, de saúde pública!", escreveu Kakay em seu artigo de 2010.

Kakay concluiu reafirmando a necessidade de um debate honesto e aberto sobre o aborto, que respeite a realidade vivida por milhões de mulheres brasileiras.

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