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    STF não é 'vassalo do poder estrangeiro' e resistirá ao bolsonarismo, mesmo sob Trump, afirma Celso de Mello

    Ministro aposentado defende independência da Corte diante de especulações sobre influência política de Trump para favorecer Bolsonaro

    Ministro Celso de Mello e Jair Bolsonaro (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF | REUTERS/Adriano Machado)

    247 - A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos trouxe nova esperança aos aliados de Jair Bolsonaro (PL), acendendo uma expectativa entre seus apoiadores de que o retorno de Trump ao poder poderá impulsionar Bolsonaro a se tornar elegível para as eleições presidenciais de 2026. Segundo fontes próximas ao ex-mandatário ouvidas pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, interlocutores veem uma onda de alento capaz de modificar o cenário desfavorável que Bolsonaro enfrenta atualmente no Brasil, inclusive com pressões políticas sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e sua atuação.

    Diante desse contexto, o ministro aposentado do STF Celso de Mello pronunciou-se com firmeza sobre o compromisso da Corte Suprema com a preservação do regime democrático e a soberania nacional, rechaçando qualquer insinuação de que o STF pudesse ceder a pressões de caráter político ou ideológico vindas do exterior. Em tom categórico, Mello declarou, segundo o jornal GGN: “essa notícia certamente não procede, pois, se verdadeira fosse, representaria nódoa estigmatizante na história do STF!”.

    O ex-ministro destacou que o STF, como "expressão legítima da soberania nacional", não se submete a influências ou pressões, nem "serve a governos, a pessoas ou a grupos ideológicos". Para Mello, a Corte está "longe de curvar-se aos desígnios do poder político, econômico ou corporativo" e é essencialmente fiel à sua missão constitucional. O ministro aposentado afirmou que "o STF, longe de curvar-se aos desígnios do poder político, econômico ou corporativo, jamais será infiel aos seus graves compromissos instituídos pela Lei Fundamental da República, pois tem a percepção superior de sua irrenunciável missão de velar pela supremacia da ordem constitucional, de defender a preservação do regime democrático e de proteger a intangibilidade dos valores inerentes à soberania do Estado brasileiro!”.

    Essas declarações reagem diretamente à expectativa ventilada por apoiadores de Bolsonaro de que a conjuntura política estadunidense possa influenciar decisões internas da Corte. 

    Durante o governo de Joe Biden, também houve pressões sobre o STF e tentativas de interferência, mas sem maiores avanços. No entanto, com a nova correlação de forças nos Estados Unidos, especula-se que o cenário poderá se modificar, com imposições de sanções econômicas ao Brasil e possíveis dificuldades para autoridades como Moraes em visitas aos EUA. Essas pressões, de acordo com os apoiadores de Bolsonaro, poderiam ainda facilitar a aprovação de uma anistia para o ex-presidente no Congresso brasileiro, removendo os impedimentos à sua elegibilidade em 2026.

    Celso de Mello reitera, no entanto, que a atuação do STF se manterá inabalável e independente de qualquer influência política externa. Para o ministro aposentado, o Supremo jamais "se curva à onipotência do poder ou aos desejos daqueles que o exercem". Ele considera a independência do STF como essencial à preservação dos "valores inerentes à soberania do Estado brasileiro". Nas palavras de Mello, “o Supremo Tribunal Federal, expressão legítima da soberania nacional, não é vassalo de potestades estrangeiras nem instrumento servil de pretensões contestáveis, especialmente quando fundadas em pressões (ou em sutis ameaças) conflitantes com o espírito democrático que rege o Estado de Direito em nosso País!”.

    Com esse posicionamento, Celso de Mello reafirma o papel do STF como uma instituição que, acima de pressões ideológicas e interesses políticos, se mantém fiel aos princípios constitucionais e ao compromisso com o Estado Democrático de Direito. As declarações do ex-ministro refletem uma postura de resistência diante de especulações sobre o poder de influências externas sobre a Justiça brasileira, sugerindo que a integridade e independência da Corte permanecem inabaláveis, mesmo diante de possíveis novas configurações internacionais que possam tentar influenciar o futuro político do país.

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