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      Zuckerberg depõe nos EUA e nega que aquisições da Meta tenham visado eliminar concorrência

      CEO nega que que compras do Instagram e WhatsApp violaram regras antitruste

      Mark Zuckerberg (Foto: Laure Andrillon / Reuters)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Mark Zuckerberg, CEO da Meta Platforms, prestou depoimento nesta segunda-feira (15) em um julgamento antitruste conduzido pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), em Washington. 

      O processo busca desfazer as aquisições do Instagram e do WhatsApp, realizadas respectivamente em 2012 e 2014, sob a alegação de que a Meta comprou os aplicativos para eliminar concorrência e manter seu domínio no setor de redes sociais.

      Vestido com um terno escuro e gravata azul-claro, Zuckerberg adotou um tom calmo durante seu testemunho. Em sua defesa, ele negou que as aquisições, realizadas em 2012 (Instagram) e 2014 (WhatsApp), tenham tido como objetivo eliminar competidores. Segundo ele, o compartilhamento de conteúdo entre amigos sempre foi apenas uma das muitas frentes estratégicas do Facebook.

      "Acho que entendemos mal como o engajamento social online estava evoluindo", admitiu. "As pessoas continuaram se envolvendo com mais e mais coisas que não eram o que seus amigos estavam fazendo."

      O executivo afirmou que hoje cerca de 20% do conteúdo consumido no Facebook e 10% no Instagram vem diretamente de amigos dos usuários. A maioria, segundo ele, é impulsionada por interesses e descoberta de novos conteúdos, não mais por conexões pessoais.

      Emails antigos e rivalidade com TikTok estão no centro do processo

      Durante a audiência, a FTC apresentou trocas de mensagens internas em que Zuckerberg demonstrava preocupação com o crescimento do Instagram e do WhatsApp e sugeria que a compra desses aplicativos ajudaria o Facebook a neutralizar ameaças emergentes. Para o órgão regulador, esses documentos provam a intenção da Meta de consolidar um monopólio nas plataformas voltadas ao compartilhamento de conteúdo entre amigos e familiares.

      A Meta, por sua vez, argumenta que a paisagem digital mudou radicalmente na última década. Hoje, plataformas como TikTok (da ByteDance), YouTube (da Alphabet) e o aplicativo iMessage da Apple são fortes concorrentes, cada uma com grande influência sobre o comportamento dos usuários. A empresa destaca ainda que, durante a interrupção temporária do TikTok nos Estados Unidos, observou um aumento expressivo no tráfego de usuários no Facebook e no Instagram — o que comprovaria a existência de concorrência real no setor.

      Instagram é peça-chave nos lucros da Meta

      Caso a FTC saia vitoriosa, a Justiça precisará decidir se medidas como obrigar a venda do Instagram ou do WhatsApp seriam capazes de restaurar a competição de mercado. Uma eventual separação pode ser devastadora para a Meta, especialmente por conta do Instagram. Embora a empresa não divulgue receitas por aplicativo, estimativas da consultoria Emarketer apontam que a plataforma de fotos deve gerar US$ 37,13 bilhões em 2025 — mais da metade da receita publicitária da empresa nos Estados Unidos.

      Além disso, o Instagram lidera em rentabilidade por usuário, superando até mesmo o Facebook, segundo a mesma consultoria. Já o WhatsApp, apesar de ainda representar uma fatia pequena do faturamento, possui a maior base de usuários diários da Meta e vem sendo cada vez mais explorado por ferramentas comerciais, como chatbots. Zuckerberg disse acreditar que os serviços de “mensagens comerciais” devem impulsionar a nova fase de crescimento da companhia.

      Relação com Trump e cenário político

      O processo judicial faz parte de um movimento antitruste mais amplo iniciado ainda durante o primeiro governo de Donald Trump, hoje novamente presidente dos Estados Unidos. Desde então, a Meta tem buscado se aproximar da Casa Branca, inclusive com doações financeiras — uma delas no valor de US$ 1 milhão para a posse de Trump — e visitas frequentes de Zuckerberg ao gabinete presidencial.

      Além da Meta, outras gigantes como Amazon, Apple e Google também enfrentam ações semelhantes. Apesar de mudanças no tom e na estratégia de relacionamento com o governo, os processos continuam a tramitar, sinalizando que a disputa entre as autoridades americanas e as grandes plataformas digitais ainda está longe do fim.

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