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      Ações globais despencam com novas tarifas dos EUA; setor de tecnologia é o mais atingido

      Ouro atinge nível recorde, iene dispara e títulos sobem; Ásia é fortemente impactada

      Telão com cotações acionárias em Hong Kong - 17/01/2018 (Foto: REUTERS/Bobby Yip)
      Redação Brasil 247 avatar
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      CINGAPURA (Reuters) – As ações globais sofreram fortes quedas e investidores buscaram refúgio em títulos, ouro e iene nesta quinta-feira, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma barreira tarifária muito maior do que o esperado em torno da maior economia do mundo, desestabilizando o comércio internacional e as cadeias de suprimentos.

      O setor de tecnologia, que vinha liderando os ganhos nos mercados, foi duramente atingido, já que centros de manufatura como China e Taiwan enfrentam agora tarifas superiores a 30%, elevando a carga tributária total sobre importações chinesas para alarmantes 54%.

      "A taxa efetiva de tarifas dos EUA sobre todas as importações parece estar no nível mais alto em mais de um século", afirmou Ben Wiltshire, estrategista de negociações globais do Citi.

      Os futuros da Nasdaq despencaram 4% e, no pós-mercado, aproximadamente US$ 760 bilhões foram eliminados do valor de mercado das sete gigantes da tecnologia, conhecidas como "Sete Magníficos". As ações da Apple, mais impactadas por fabricar iPhones na China, caíram quase 7%.

      Os futuros do S&P 500 recuaram 3,3%, os do FTSE caíram 1,8% e os europeus perderam quase 2%.

      O ouro atingiu um recorde histórico, cotado acima de US$ 3.160 por onça. O petróleo, considerado um termômetro do crescimento global, caiu mais de 3%, levando o Brent para US$ 72,56 o barril.

      No início do pregão em Tóquio, o índice Nikkei caiu 3,9%, atingindo o menor nível em oito meses, com quase todos os papéis em queda — especialmente transportadoras, bancos, seguradoras e empresas exportadoras.

      Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos caíram 14 pontos-base, para 4,04%, o nível mais baixo em cinco meses, enquanto os futuros das taxas de juros passaram a precificar maior probabilidade de cortes nos próximos meses.

      "As tarifas são tão abrangentes e muito maiores do que esperávamos", disse Jeanette Gerratty, economista-chefe da consultoria Robertson Stephens, localizada no coração do setor de tecnologia dos EUA, em Menlo Park, Califórnia."Antes, falava-se que a clareza poderia impulsionar o mercado. Agora você tem clareza — e ninguém gosta do que está vendo."

      Risco ao comércio global

      Trump anunciou uma tarifa-base de 10% sobre todas as importações, com taxas muito mais elevadas aplicadas a determinados parceiros comerciais, sobretudo na Ásia.

      Além dos 34% impostos à China, o Japão foi taxado em 24%, o Vietnã em 46% e a Coreia do Sul em 25%. A União Europeia também foi atingida com uma tarifa de 20%.

      O índice Kospi, da Coreia do Sul, caiu 2%. O ETF do Vietnã da Van Eck recuou mais de 8% no pós-mercado. As ações australianas caíram 2%. Os mercados de Taiwan estavam fechados devido a um feriado.

      O yuan chinês atingiu o menor valor em dois meses no mercado offshore, pouco antes da abertura do mercado onshore. Os contratos futuros dos títulos do governo japonês com vencimento em 10 anos registraram o maior salto em oito meses.

      “As tarifas anunciadas hoje representam um risco significativo ao comércio global”, avaliou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management, em Hong Kong. “As cadeias de suprimento no Leste Asiático, em especial, estão sob forte pressão.”

      O dólar norte-americano subiu frente às moedas asiáticas, com exceção do iene, que valorizou-se para abaixo de 148 por dólar, sendo visto como refúgio seguro.

      Trump também anunciou o fechamento de uma brecha usada para envio de pacotes de baixo valor da China, o que deve prejudicar grandes varejistas online chineses.

      Espera-se que os parceiros comerciais dos EUA adotem contramedidas, o que poderá elevar ainda mais os preços globalmente.

      "As tarifas anunciadas nesta manhã superam em muito as expectativas iniciais, e, se não forem renegociadas rapidamente, as previsões de recessão nos EUA aumentarão de forma drástica", alertou Tony Sycamore, analista de mercado da IG.

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