Cappelli, da ABDI, defende que brasileiros boicotem Carrefour e Atacadão
Presidente da ABDI critica postura "protecionista" de redes francesas enquanto frigoríficos brasileiros reagem ao veto na França
247 – Em vídeo divulgado no X (antigo Twitter), Ricardo Cappelli, presidente da Associação Brasileira do Desenvolvimento Industrial (ABDI), fez duras críticas ao Carrefour e ao Atacadão, redes francesas que operam no Brasil, em meio à polêmica sobre o veto à carne brasileira na França. "O Carrefour lidera boicote ao Brasil na França, mas quer estar aqui no Brasil, com uma rede de supermercados imensa, para colher o nosso dinheiro", afirmou Cappelli, defendendo que os brasileiros priorizem redes nacionais que valorizam a produção local.
A declaração de Cappelli ocorre após a decisão do Carrefour na França de suspender a venda de carne bovina produzida em países do Mercosul, o que gerou ampla reação no Brasil. Frigoríficos como JBS (Friboi) e Masterboi já interromperam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour no Brasil. A Masterboi confirmou o corte na última sexta-feira (22), enquanto a JBS tomou a mesma medida no dia anterior. Apesar disso, o Carrefour garante que suas lojas seguem abastecidas e a comercialização de carne ocorre normalmente.
Cappelli não poupou críticas à postura da rede francesa. “Do Brasil, eles querem o nosso dinheiro, mas boicotam, não querem comprar os nossos produtos para vender na França. Então, na hora que você for fazer compras, lembre disso: tem várias redes aqui no Brasil de empresários brasileiros que compram produtos brasileiros e que valorizam o Brasil”, declarou.
Setor agropecuário reage com carta aberta
No sábado (23), representantes de 44 associações do setor agropecuário se reuniram para discutir uma carta aberta dirigida ao presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard. No documento, o veto à carne brasileira foi classificado como uma decisão "protecionista" e incompatível com os avanços sustentáveis do país. As entidades destacaram que a pecuária nacional aumentou sua produtividade em 172% nos últimos 30 anos, ao mesmo tempo em que reduziu a área de pastagem em 16%.
A preocupação do agronegócio vai além do Carrefour. Há receios de que a decisão abra precedentes para que outros mercados europeus adotem restrições semelhantes. “Se a carne brasileira não é adequada para a França, isso compromete sua aceitação em outros países”, alerta o texto.
Embate reforça debate sobre práticas sustentáveis e protecionismo
Entidades como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Aprosoja e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) também assinam o documento e reforçam a necessidade de diálogo para preservar o mercado global da carne brasileira, reconhecendo as práticas sustentáveis adotadas no país.
A manifestação de Cappelli adiciona um tom mais direto à resposta nacional, pedindo que os brasileiros reavaliem seus hábitos de consumo diante do que ele classifica como um tratamento injusto ao Brasil. "Pense nisso", concluiu em sua mensagem, incentivando o apoio a redes de supermercados que valorizem a produção brasileira.
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