Carrefour Brasil alega surpresa com posição da matriz francesa ao governo
Representantes da empresa no Brasil prometeram pressionar a matriz francesa por um posicionamento mais alinhado com os interesses nacionais
247 - A decisão do presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, de suspender a compra de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, gerou uma crise inesperada para a filial brasileira do grupo varejista. Em contato com o Ministério da Agricultura, a direção do Carrefour Brasil afirmou ter sido "surpreendida" pelas declarações de Bompard, segundo informações obtidas pela Folha de S.Paulo.
O Carrefour Brasil, que representa cerca de 23% das operações globais da rede, se viu em uma posição delicada e os acionistas brasileiros demonstraram preocupação com o impacto da decisão no relacionamento com o governo e os produtores locais. Segundo fontes do alto escalão do governo, os representantes da empresa no Brasil prometeram pressionar a matriz francesa por um posicionamento mais alinhado com os interesses nacionais.
A reação do setor agrícola foi imediata e contundente. Produtores brasileiros interromperam o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil, e o movimento se expandiu para produtores de frango. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, expressou indignação com a decisão da rede francesa. "A França usa questões sanitárias e ambientais como pretexto para barrar os produtos brasileiros e proteger o seu mercado interno", afirmou o ministro.
Fávaro minimizou a relevância do mercado francês para o Brasil, apontando que o país europeu responde por apenas 0,0026% das exportações brasileiras de carne entre janeiro e outubro deste ano, com compras somando US$ 245 mil. "A França não representa nem 0,5% das nossas exportações de carne. Essa decisão é política, não comercial", enfatizou.
Em resposta, o Carrefour França publicou uma nota esclarecendo que a suspensão se aplica exclusivamente às lojas localizadas na França e não afeta os demais mercados operados pela rede. "Em nenhum momento a decisão refere-se à qualidade do produto do Mercosul, mas sim a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em crise", afirmou a empresa.
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