Demanda por gás natural eleva preços na Europa após nova ameaça de Trump

247 - O governo da Alemanha está se preparando para uma possível guerra comercial com a nova administração do presidente Donald Trump nos Estados Unidos. Em meio a um inverno rigoroso, uma crise energética e uma economia vacilante, o governo do chanceler Olaf Scholz indicou que irá fornecer subsídios para o setor de gás natural visando reabastecer os estoques. 

Além disso, a União Europeia pretende manter conversações com autoridades dos EUA para avaliar as exigências de Trump de que o bloco compre mais combustíveis do país. O presidente recentemente empossado focou a UE em seus discursos, afirmando que "a única coisa que podem fazer rapidamente é comprar o nosso petróleo e gás". 

Trump também eliminou a moratória sobre novas licenças de exportação de GNL, imposta por seu predecessor, Joe Biden, em janeiro de 2024. Biden havia suspendido novas aprovações para aguardar um estudo sobre os impactos ambientais e econômicos da expansão da indústria de exportação, que foi divulgado em dezembro.

Em resposta, o governo alemão vem alertando repetidamente sobre os riscos da dependência do gás natural liquefeito dos Estados Unidos. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também declarou que a economia dos Estados Unidos poderia ser fortemente atingida. Estudos apontam que uma guerra comercial transatlântica poderia resultar em perdas de até 1,5% do PIB alemão.

Diante dos riscos, a Alemanha está disposta a pagar para garantir que os estoques de gás sejam reabastecidos durante o verão para o próximo inverno, mesmo que os preços de mercado não favoreçam essa ação.

As sinalizações ambíguas colocaram a demanda em alta, elevando preços do gás natural significativamente nos últimos dias, beirando níveis de três semanas.

Além disso, uma onda de frio está ameaçando a produção de energia no Sul dos EUA, onde os fluxos para as fábricas de GNL, principais fornecedores de combustível super-resfriado para a Europa, caíram quase fortemente na última semana. 

Enquanto isso, Scholz expressou preocupação sobre os impactos da volta de Trump à Casa Branca. Durante uma visita a Paris, ele e o presidente francês, Emmanuel Macron, discutiram a importância das indústrias siderúrgica, automotiva e química para a economia europeia. 

No setor de gás natural, a Europa tem optado por importações mais caras dos EUA enquanto tenta reduzir o uso do gás russo, que é mais barato. No entanto, os volumes de GNL da Rússia aumentaram significativamente, alcançando um recorde em 2024 e posicionando a UE como o maior comprador global de GNL russo, superando China, Japão e Coreia do Sul.

Espera-se que a demanda europeia por GNL aumente acentuadamente em 2025, já que o combustível super-resfriado continua a ser crucial para a matriz energética do continente. 

Estoques de gás também têm sido uma preocupação no Reino Unido, onde o principal fornecedor de gás, Centrica, alertou recentemente que os fornecimentos estavam "preocupantemente baixos".