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    Trump ameaça União Europeia com tarifas sobre importações de petróleo e gás

    Presidente eleito dos EUA intensifica pressão sobre o bloco, alegando “enorme déficit” comercial

    Presidente eleito dos EUA, Donald Trump 05/11/2024 REUTERS/Brian Snyder (Foto: Brian Snyder)
    Redação Brasil 247 avatar
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    Reuters – Em uma declaração que reacendeu debates sobre a balança comercial e a segurança energética, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou que a União Europeia (UE) deveria ampliar as importações de petróleo e gás norte-americanos. A fala do republicano veio acompanhada de uma ameaça direta: se o bloco não atender à demanda, tarifas de importação sobre produtos europeus – incluindo automóveis e equipamentos industriais – poderiam ser impostas.

    Trump tem reiterado que a UE mantém um “tremendo déficit” com os Estados Unidos. “Eu disse à União Europeia que eles precisam compensar seu imenso déficit com os Estados Unidos por meio da compra em larga escala de nosso petróleo e gás”, declarou o presidente eleito em postagem na Truth Social. “Caso contrário, serão TARIFAS até o fim!!!”, concluiu.

    Foco em energia e comércio

    De acordo com dados do governo norte-americano, a União Europeia já responde por uma fatia substancial das exportações de óleo e gás dos EUA. No entanto, especialistas destacam que atualmente não há excedente além do que os Estados Unidos já vendem ao exterior, pois o país exporta quase todo o volume que não é consumido internamente.

    Na prática, a meta de Trump – aumentar ainda mais a produção para ampliar as exportações – exigiria investimentos expressivos, sobretudo em terminais de GNL (gás natural liquefeito). Além disso, a maior parte das refinarias e empresas de energia na Europa está nas mãos de investidores privados, de modo que os governos não controlam diretamente a origem das importações.

    UE se diz pronta para negociar

    Em resposta, a Comissão Europeia afirmou estar preparada para discutir como fortalecer o relacionamento já estabelecido entre UE e EUA, inclusive no setor energético. O bloco mantém um compromisso de reduzir a dependência de gás e petróleo da Rússia, desde a invasão russa à Ucrânia em 2022, e vem aumentando as compras de energia norte-americana.

    Dados da Eurostat, o órgão de estatísticas da UE, apontam que os EUA forneceram 47% do gás natural liquefeito (GNL) e 17% do petróleo importado pela União Europeia no primeiro trimestre de 2024. Apesar disso, analistas como Richard Price, da consultoria Energy Aspects, alertam que a Europa já está próxima de sua capacidade máxima de refino e regaseificação, o que pode dificultar um salto ainda maior nas compras.

    Tarifa global de 10% e ameaça à China

    Trump, que assume em 20 de janeiro, também prometeu impor uma tarifa de 10% sobre as importações globais e um imposto de 60% sobre produtos chineses, o que, segundo especialistas, pode causar rupturas nas cadeias de suprimentos e gerar retaliações comerciais. A iniciativa teria como foco, segundo o futuro presidente, reduzir déficits bilionários e conter práticas tidas como ilegais ou desleais.

    O déficit comercial em bens entre Estados Unidos e União Europeia foi de US$ 208,7 bilhões em 2023, conforme dados do Escritório de Censo dos EUA. O valor reforça, aos olhos de Trump, a disparidade comercial entre as duas potências, ainda que os EUA tenham superávit em serviços com o bloco.

    William Reinsch, especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), acredita que a UE pode tentar negociar uma solução que inclua justamente a compra de energia norte-americana. “Pode ser uma via de mão dupla: eles passam a adquirir algo que já querem e precisam, diminuindo sua dependência de fontes russas, enquanto atendem às exigências de Trump”, avaliou.

    Crescimento da produção e preocupações futuras

    Os Estados Unidos são os maiores produtores de petróleo e gás do mundo, ultrapassando a marca de 20 milhões de barris diários de líquidos de petróleo. Em termos de gás natural, a produção também é recorde. No entanto, segundo projeções da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA) e da Agência Internacional de Energia (IEA), o crescimento da produção de petróleo deve desacelerar até 2030, enquanto a transição para fontes renováveis avança tanto nos EUA quanto na Europa.

    Além disso, a UE vem sinalizando que pode banir por completo o GNL russo, o que levaria a uma busca maior por fornecedores alternativos, incluindo os Estados Unidos. “Há uma demanda elevada no momento, mas ainda é incerto se essa demanda será sustentada no longo prazo, considerando o crescimento das energias limpas”, destaca Alex Froley, analista de GNL na consultoria ICIS.

    A ameaça de Trump sobre a imposição de tarifas, por outro lado, preocupa tanto os fabricantes europeus quanto as cadeias de distribuição norte-americanas, que temem um efeito cascata de retaliações que possa encarecer produtos, desestabilizar o comércio e afetar a recuperação econômica global.

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