Diego Barreto, do iFood, defende regulação flexível para a inteligência artificial
Presidente da empresa diz que a regulação deve ser cuidadosa para não brecar a inovação
247 – Durante o Fórum Brasil, promovido pelo Lide e pelo Brasil 247 no dia 13 de novembro, em Brasília, Diego Barreto, presidente do Ifood, compartilhou como a inteligência artificial (IA) se tornou um pilar essencial na operação da empresa. O evento, que reuniu líderes empresariais e autoridades para discutir os desafios e avanços do Brasil, foi palco de debates intensos sobre tecnologia e inovação. Barreto destacou a importância da IA na transformação da operação do Ifood, que nos últimos sete anos desenvolveu mais de 150 modelos de aprendizado de máquina, permitindo que a plataforma se consolidasse como líder no setor.
“Historicamente, o mundo era feito de bens físicos, que afastam o Brasil do progresso porque demandam altos volumes de investimento. A tecnologia digital, por outro lado, possibilita um desenvolvimento descentralizado, equacionando a competição global”, afirmou Barreto, em uma das passagens mais contundentes de sua apresentação.
Impacto da IA na operação e no cotidiano dos pequenos empreendedores
Barreto revelou que o Ifood possui atualmente 360.000 restaurantes em sua plataforma, sendo 85% deles pequenos negócios. Ele compartilhou uma história marcante de sua recente viagem pelo Brasil, na qual percorreu 4.000 km e visitou cidades de diferentes perfis. “Foi emocionante ver como a tecnologia está transformando a vida desses pequenos comerciantes. Muitos deles enfrentam barreiras como o analfabetismo funcional, o que dificultava a adesão às plataformas digitais”, relatou.
Em um dos exemplos mais ilustrativos, Barreto mencionou uma ferramenta inovadora que permite ao dono de restaurante tirar uma foto do cardápio físico para que ele seja automaticamente convertido em um cardápio digital, pronto para ser utilizado na plataforma. Essa solução reduziu o tempo de espera para iniciar operações no Ifood de 35 para apenas alguns dias. “Ver essa mudança de perto foi impactante. A IA está dando acesso e autonomia a quem mais precisa, proporcionando dignidade e crescimento.”
Outro ponto da apresentação foi a explicação sobre os avanços na proteção dos entregadores. Desde 2019, a plataforma oferece seguro para os 350.000 entregadores cadastrados, cobrindo acidentes, afastamentos e até óbitos. Graças à IA, a análise prévia dos documentos passou a ser feita de forma ágil, reduzindo o tempo de processamento de 25 para 11 dias. “Essa redução no tempo significa cidadania, autoestima e respeito. O impacto na vida de alguém que depende de sua renda diária não pode ser subestimado”, destacou o presidente.
O papel da IA na competitividade global
Barreto também chamou a atenção para o papel da IA na competitividade do Brasil em relação a gigantes globais. “Hoje, o Ifood compete de igual para igual com empresas americanas e chinesas, e isso é algo único na história deste país. A digitalização nos permite reduzir o gap entre pequenas e grandes empresas, facilitando o acesso a ferramentas que antes eram exclusivas dos que tinham capital”, explicou. Ele ressaltou que a tecnologia proporciona oportunidades que ultrapassam as limitações tradicionais de acesso a crédito e investimento, e que isso pode transformar o panorama do empreendedorismo nacional.
Ao final de sua fala, Barreto abordou um tema sensível: a regulação. Ele defendeu que, embora a regulação seja necessária, ela deve ser adaptada às características de cada país. “Empresas grandes, como o Ifood e o Google, têm capacidade para arcar com os custos da regulação, mas o pequeno empreendedor não. O custo elevado pode significar uma barreira insuperável para muitos, aumentando a desigualdade”, afirmou, conclamando por uma regulação que considere a realidade local e incentive a inovação. Assista:
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