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Europa cogita sobretaxar carros elétricos chineses

A proposta de até 45% de tarifas pode despertar reações do governo chinês

Há exatamente um ano, a Bloomberg Green estuda a curva de avanço dos EVs e suas taxas de adoção em todo o mundo. Há 12 meses, 19 países tinham ultrapassado o ponto de virada: 5% das vendas de automóveis novos (carros de passeio e comerciais leves) e, em agosto, outros cinco países (Canadá, Espanha, Hungria, Austrália e Tailândia) se juntam ao grupo que, agora, soma 23 nações. O Brasil, onde os veículos elétricos não têm mais que 0,4% de participação, com modestíssimas 3.760 unidades vendidas no primeiro semestre deste ano, infelizmente está fora deste grupo (Foto: TDK Corporation/DIVULGAÇÃO)

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Reuters – Os governos da União Europeia estão diante de uma votação crucial nesta sexta-feira (4) que determinará se serão impostas tarifas de até 45% sobre veículos elétricos fabricados na China. A medida, proposta pela Comissão Europeia após uma investigação de subsídios que durou um ano, visa proteger o mercado europeu de práticas comerciais desleais. A votação ocorre em meio a crescentes preocupações com retaliações por parte da China.

A proposta das tarifas poderá ser bloqueada caso 15 membros da UE, representando 65% da população do bloco, votem contra. Contudo, fontes indicam que França, Grécia, Itália e Polônia apoiam as tarifas, o que pode ser suficiente para evitar um bloqueio. Em contraste, a Alemanha, uma das maiores economias do bloco e lar de fabricantes de automóveis de renome como a Volkswagen, se opõe à medida. "Essa é a abordagem errada", afirmou a montadora alemã, que tem um terço de suas vendas concentradas no mercado chinês.

Enquanto a votação desta sexta-feira não parece estar ameaçada pela oposição alemã, o cenário expõe o desafio que Bruxelas enfrenta em construir um consenso em torno de sua estratégia comercial com Pequim. Fontes próximas ao caso afirmam que a Comissão pode optar por buscar um segundo voto ou até mesmo considerar possíveis compromissos. Um dos cenários discutidos seria a adoção de um preço mínimo de importação, uma alternativa às tarifas, levando em conta critérios como desempenho da bateria e o tipo de veículo (dois ou quatro rodas).

Além disso, o governo da Espanha, que anteriormente apoiava as tarifas, manifestou preocupações em uma carta enviada ao vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis. O documento sugere que o bloco "mantenha as negociações abertas... além da votação vinculativa" para alcançar um acordo que favoreça a produção de baterias na Europa. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, já havia sinalizado, em visita à China, que o bloco deveria reconsiderar sua posição sobre o tema.

Entre os riscos apontados pelos países europeus está a retaliação por parte de Pequim, que, em resposta às possíveis sanções, já iniciou investigações sobre importações de produtos europeus, como conhaque, laticínios e carne suína. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, alertou para o perigo de uma "guerra fria econômica" entre a UE e a China.

A postura da UE em relação à China tem endurecido nos últimos cinco anos, com o bloco agora tratando o país asiático não apenas como um parceiro estratégico, mas também como um competidor e rival sistêmico. A Comissão Europeia ressalta que a capacidade de produção excedente da China, de três milhões de veículos elétricos por ano, é o dobro do mercado europeu. Com tarifas de 100% nos Estados Unidos e no Canadá, a Europa se torna o destino mais provável para esses veículos.

A votação desta sexta-feira será decisiva para definir os rumos das relações comerciais entre Europa e China no setor automotivo. Caso as tarifas sejam implementadas, pode haver espaço para novas negociações, mas o cenário atual revela um impasse em um dos maiores conflitos comerciais entre a UE e a China.

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