Giannetti aponta reação exagerada do mercado no ataque contra o real
Economista e filósofo critica alta dos juros e domínio do mercado financeiro nas expectativas públicas
247 – Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o economista e filósofo Eduardo Giannetti, integrante da Academia Brasileira de Letras, analisou a atual situação econômica do Brasil, destacando uma reação exagerada do mercado financeiro em relação aos indicadores econômicos do país. Segundo Giannetti, a incerteza sobre o futuro das contas públicas elevou o dólar a R$ 6,30 e fez os juros futuros dispararem.
“Claramente, há uma reação exagerada do mercado financeiro”, afirmou Giannetti. “Os indicadores fiscais brasileiros, embora preocupantes, não são calamitosos. Longe disso. Nós não estamos na beira de nenhum precipício fiscal.”
O economista criticou a recente alta dos juros, evidenciada pelo aumento de 1 ponto percentual na Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ele argumenta que o mercado financeiro exerce uma influência predominante na formação das expectativas e no debate público brasileiro. “O mercado financeiro é extremamente exigente quando se trata de pedir cortes de gasto primário, mas ele é completamente omisso quando se trata de trazer à tona o custo fiscal de um aumento extravagante de juros como esse que nós estamos vivendo no Brasil”, destacou Giannetti.
Giannetti também abordou os fatores que levaram à deterioração das expectativas econômicas no segundo ano do governo Lula. Ele mencionou uma combinação de fatores externos, como a valorização do dólar globalmente, e fatores domésticos, como a insatisfação com as propostas de corte de gastos do governo. “A desvalorização do real este ano foi muito além do que aconteceu com as outras moedas relevantes do mundo emergente”, explicou.
Entre os problemas domésticos, Giannetti ressaltou a vinculação de todas as despesas sociais ao reajuste do salário mínimo, o que, segundo ele, impacta significativamente os gastos públicos. “Se nós não endereçarmos essas três questões, o problema estrutural das contas públicas continuará na corda bamba”, alertou.
O economista enfatizou a necessidade de reformas estruturais para estabilizar as finanças públicas. Ele destacou a importância de discutir temas como a reforma da Previdência e a necessidade de um orçamento mais flexível e menos rígido. “Temos de amadurecer essa questão no Brasil”, afirmou Giannetti.
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