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    Gleisi critica o mercado financeiro, que lucra com juros altos enquanto exige cortes no Orçamento do país

    'Sob o pretexto de combater a inflação, ampliam a dívida e exigem cortes no Orçamento, retirando dos trabalhadores, aposentados, saúde e educação', aponta

    Gleisi Hoffmann (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara)

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    247 - Na quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou um aumento de 50 pontos-base na taxa básica de juros (Selic), que chegou a 11,25% ao ano. A decisão, unânime entre os nove membros do comitê, segue o cenário esperado pelo mercado financeiro e levanta uma série de críticas entre economistas e lideranças políticas, como a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).

    Gleisi, ao comentar o impacto da medida, direcionou críticas ao setor financeiro, que, segundo ela, “abocanha em média 25% do PIB no Brasil” enquanto impõe uma carga significativa sobre o orçamento público e os trabalhadores. Para ela, o sistema de juros altos, sustentado por práticas que considera abusivas, beneficia exclusivamente o mercado financeiro às custas do desenvolvimento social e econômico do país. “O sistema financeiro vem abocanhando em média 25% do PIB no Brasil com isenção de impostos, spreads altíssimos e os juros sobre a dívida pública, que crescem quase R$ 50 bi a cada ponto percentual de aumento na Selic. Pagamos juros reais de 6% ao ano, contra a média de pouco mais de 1% nos EUA, Europa, Japão e outras grandes economias,” criticou a deputada.

    Em sua análise, a deputada aponta que o ciclo de aumentos é alimentado pelo próprio mercado financeiro, em um movimento que chama de “chantagem” ao Banco Central, que segue as previsões da pesquisa Focus, e desconsidera, segundo ela, os efeitos nocivos que essa política causa para a economia real. “Uma taxa que é fixada pelo mercado arbitrariamente e não pelo BC, que aceita a chantagem da pesquisa Focus como se fosse um mandamento divino. E nada faz para combater este ciclo vicioso nem para enfrentar a especulação com câmbio. Sob o falso pretexto de combater a inflação, num sistema de metas que não funciona mais, aumentam a dívida pública (e os lucros do sistema) e exigem cortar o Orçamento, tomando dos trabalhadores, dos aposentados, da saúde e da educação do país,” disse.

    O comunicado emitido pelo Banco Central sobre o aumento na Selic mencionou os riscos que pesaram sobre a decisão, incluindo pressões inflacionárias que, segundo o BC, estariam sendo impactadas pela conjuntura econômica internacional, pela resiliência da inflação de serviços e pelas expectativas de inflação acima da meta para 2024 e 2025, que se encontram em torno de 4,6% e 4%, respectivamente. A projeção do Copom para a inflação de longo prazo, até o segundo trimestre de 2026, situa-se em 3,6%.

    Contudo, para Gleisi, não há justificativa econômica válida para esse movimento de aperto monetário no cenário atual, que, em sua visão, apenas intensifica a concentração de renda e prejudica a população. “Não há lógica econômica nessa equação. Há ganância e concentração indecente da renda nacional,” afirmou, ressaltando que os impactos da decisão vão além do setor financeiro, atingindo diretamente áreas essenciais como saúde, educação e previdência.

    A crítica de Hoffmann ecoa uma preocupação crescente sobre o papel do Banco Central e sua autonomia, especialmente em relação às metas de inflação e ao impacto que essa política de juros altos tem para o crescimento do país e a distribuição de renda. Para analistas que compartilham da mesma visão, o aumento dos juros gera uma pressão adicional sobre o orçamento público e acarreta cortes em áreas que são essenciais para o desenvolvimento social.

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