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    Mover (ex-Camargo Corrêa) pede recuperação judicial para evitar colapso financeiro

    Grupo não chegou a acordo para vender cimenteira para a CSN

    Cimento (Foto: Reprodução)

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    247 – A Intercement, uma das principais cimenteiras do Brasil, anunciou nesta quarta-feira o pedido de recuperação judicial na comarca de São Paulo, abrangendo também sua controladora, a Mover Participações (antiga holding Camargo Corrêa). A iniciativa, que visa proteger ativos estratégicos e buscar uma reestruturação financeira, foi divulgada originalmente pelo portal Pipeline, do Valor Econômico.

    Com uma dívida que ultrapassa R$ 12 bilhões (excluindo créditos intercompany) e dificuldades em renegociar com credores, a empresa tentou por mais de um ano evitar essa medida, recorrendo a uma possível venda para a CSN. No entanto, as negociações com a siderúrgica não prosperaram, principalmente devido a entraves relacionados às condições de assunção de dívidas e à liberação de ativos como as ações da CCR, um dos bens mais valiosos do grupo.

    Proteção dos ativos e impasses financeiros

    Assessorada pelo escritório Munhoz Advogados e pelo banco Houlihan Lokey, a Intercement busca, com o pedido de recuperação judicial, reorganizar sua estrutura financeira enquanto protege a Mover Participações de execuções que poderiam comprometer ativos essenciais. O pedido inclui a Intercement Brasil e a Intercement Inversiones, mas exclui a operação argentina Loma Negra.

    “A recuperação judicial foi um movimento estratégico para proteger o grupo em um momento de extrema pressão financeira. A venda para a CSN era uma alternativa, mas o acordo não foi viabilizado”, comentou um analista do setor ao Pipeline.

    Entre os maiores desafios está a dívida total do grupo, que, considerando créditos intercompany, chega a R$ 22 bilhões. A exclusividade de negociação com a CSN foi encerrada com o pedido judicial, reforçando a dificuldade de atrair compradores dispostos a assumir parte do passivo financeiro.

    Credores focam em ações da CCR

    Os bancos credores, incluindo o Bradesco, estão de olho na participação da Mover na CCR, empresa de infraestrutura com grande liquidez e considerada o ativo mais valioso do grupo. Parte dessas ações foi usada como garantia de dívidas e pode ser executada caso as negociações não avancem.

    Um dos principais entraves na tentativa de venda para a CSN foi justamente a resistência em liberar as ações da CCR como parte do acordo. A falta de consenso sobre a assunção de dívidas pela siderúrgica deixou os demais credores desconfortáveis, contribuindo para o fracasso das tratativas.

    Impactos no mercado e próximos passos

    O pedido de recuperação judicial da Intercement reforça a gravidade da crise financeira enfrentada pelo grupo, que busca preservar sua operação enquanto renegocia com credores e mantém ativos estratégicos. Apesar disso, a medida pode gerar incertezas no mercado de cimento e em outras áreas onde o conglomerado atua.

    A decisão será acompanhada de perto por analistas, investidores e concorrentes, enquanto a empresa tenta equilibrar suas finanças em um cenário econômico desafiador.

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