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    "Estamos no ataque; eles, na defesa", diz Zarattini sobre protagonismo da esquerda

    Deputado Zarattini afirma que a esquerda agora assume a iniciativa política e destaca embate sobre jornada de trabalho como pauta central no Congresso

    (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) discutiu temas centrais para o governo e a oposição no Congresso Nacional, abordando, entre outros assuntos, a reforma tributária e as novas propostas de regulamentação da jornada de trabalho. Para Zarattini, o momento atual marca uma mudança importante, em que o campo progressista assume uma posição ofensiva no cenário político. “Estamos no ataque; eles, na defesa. Os parlamentares da extrema-direita, que sempre votam em favor do capital e da elite, ficam mais expostos, inclusive nas redes sociais”, declarou o parlamentar.

    Um dos principais temas abordados foi a proposta do governo de isentar do Imposto de Renda aqueles que ganham até cinco mil reais e de tributar os dividendos recebidos por acionistas de grandes empresas. Segundo Zarattini, a medida, prevista para ser enviada ao Congresso em breve, terá como foco os grandes empresários, poupando pequenas e microempresas. “Será um debate importante na Câmara dos Deputados e no Senado”, afirmou. Zarattini também expressou otimismo em relação à proposta, embora reconheça que a tramitação e a aprovação neste ano sejam incertas.

    Outro ponto abordado na entrevista foi o projeto de emenda constitucional contra a escala 6X1, que já conseguiu o número de assinaturas necessário para avançar na Câmara. Para Zarattini, a mobilização popular será fundamental para a aprovação dessa PEC, especialmente por meio do apoio das centrais sindicais. “As centrais sindicais precisam se mobilizar também e entrar na luta, colocando essa bandeira como prioridade”, enfatizou.

    Zarattini lembrou da importância das mobilizações dentro e fora do parlamento, destacando a recente resistência ao projeto de lei que criminalizava meninas vítimas de estupro. Segundo o deputado, esse tipo de articulação é essencial para colocar o campo progressista em posição de iniciativa política, não apenas reagindo às propostas da direita conservadora. Ele critica a postura da extrema-direita, que tenta constantemente restringir direitos, como exemplificado pela tentativa de incluir na pauta uma PEC que proíbe o aborto em qualquer situação, até mesmo nas exceções previstas em lei.

    O deputado petista também falou sobre a importância de se discutir as isenções fiscais concedidas a setores específicos da economia, um ponto que, segundo ele, escancara as desigualdades tributárias no Brasil. Ele explicou que muitas dessas isenções beneficiam grandes empresários e agronegócios, chamando-as de “bolsa empresário”. De acordo com Zarattini, essas renúncias fiscais triplicaram nos últimos anos e já representam uma perda de arrecadação estimada em mais de R$ 216 bilhões. Para o deputado, o tema é um dos maiores obstáculos para uma distribuição mais justa da carga tributária. “É difícil mexer nesse vespeiro”, reconheceu, afirmando que o Congresso, onde muitos membros representam diretamente interesses empresariais, é resistente a essas mudanças.

    Ainda sobre o pacote fiscal, Zarattini comentou que o governo busca uma solução que não penalize exclusivamente os menos favorecidos. “A opinião do presidente Lula, que já foi expressa publicamente, é que não se pode jogar o peso desse ajuste sobre os mais pobres”, disse ele. Zarattini também informou que a bancada do partido não está sendo formalmente consultada nas decisões sobre o pacote, mas que existem conversas entre líderes do partido e membros do governo.

    Por fim, Zarattini comentou sobre a sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados e as articulações internas para o próximo ano. O deputado revelou que algumas pautas fundamentais, como a regulamentação das fake news e a PEC contra a 6X1, deverão ser apresentadas ao próximo presidente da Casa, e que seu campo político se posicionará firmemente contra qualquer tentativa de anistia a parlamentares ou figuras políticas envolvidas em escândalos. “Nós não aceitamos que a presidência da Câmara estabeleça temas que só criem problemas para o governo e para a governabilidade”, concluiu.

    Com uma agenda política que inclui reforma tributária, regulamentação da jornada de trabalho e mobilização contra projetos conservadores, Zarattini deixou claro que a esquerda está determinada a avançar com pautas progressistas e com o fortalecimento do debate democrático no Congresso Nacional.

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