"Estamos vivendo uma crise dos poderes", diz José Genoino

247 - Em entrevista ao programa Conversa de Política, transmitido pela TV 247, o ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, avaliou a conjuntura política nacional, classificando-a como um período de “crise dos poderes”. Durante o debate, Genoino apontou a necessidade de reformas no sistema político-eleitoral e destacou os desafios do governo de Luiz Inácio Lula da Silva diante de pressões do Congresso Nacional, do sistema financeiro e da sociedade.

“A crise com o Congresso vai colocar na pauta a necessidade de incluir na agenda política uma reforma política eleitoral. O modelo de eleição de deputado, a relação dos parlamentares com suas bases, e a relação entre os poderes precisam ser reformulados”, afirmou Genoino, argumentando que o atual sistema favorece a consolidação de um poder oligárquico e a desidratação do Executivo.

O ex-presidente do PT destacou ainda a atuação das emendas parlamentares como um dos principais fatores de tensionamento entre os poderes. “As emendas impositivas pulverizam o orçamento, retiram transparência e criam uma chantagem política que encurrala o Executivo”, disse. Segundo ele, o Congresso tem governado “sem o ônus de governar”, dificultando a implementação de políticas públicas planejadas.

Genoino também criticou a influência do sistema financeiro sobre o governo. “A aliança entre o rentismo e o conservadorismo oligárquico é uma forma de chantagem para esvaziar o Executivo”, declarou, referindo-se ao impacto das decisões econômicas e políticas sobre a estabilidade governamental.

O ex-presidente pontuou a importância de um diálogo mais amplo com a sociedade. “O governo precisa estabelecer uma relação direta com os movimentos sociais. Isso não pode se resumir a discursos, mas deve incluir uma agenda organizada de diálogo e participação popular”, afirmou, reforçando a necessidade de mobilização para enfrentar crises políticas, econômicas e sociais.

Sobre o futuro, Genoino alertou para os desafios que aguardam o governo Lula em 2025, mencionando a necessidade de maior agilidade na gestão pública e na prevenção de crises como desastres climáticos e problemas de infraestrutura. “Estamos vivendo um momento em que a prevenção não é prioridade, o que gera tragédias evitáveis. É preciso uma política de pronta resposta mais eficaz e menos burocrática”, afirmou. Assista: