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      "O Brasil precisa recuperar sua soberania em todos os terrenos", diz Valter Pomar

      Dirigente do PT critica submissão das elites nacionais aos Estados Unidos e defende urgência na reconstrução industrial, digital e militar do país

      (Foto: Brasil247)
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      247 - Em entrevista ao programa Contramola, da TV 247, o historiador, analista político e dirigente do PT, Valter Pomar, fez uma análise sobre o cenário político e econômico global, destacando a necessidade de o Brasil reforçar sua soberania em diversas áreas para enfrentar desafios internos e externos. Durante a conversa, Pomar abordou temas como a política externa dos Estados Unidos sob Donald Trump, a dependência brasileira das big techs e a atuação das Forças Armadas.

      Sobre a política internacional, Pomar apontou que Trump adota uma estratégia agressiva para beneficiar os interesses dos EUA em detrimento de outros países. "O Trump está utilizando o método de ir para a porrada, exigir o máximo, exigir o absurdo para construir acordos que, no final das contas, o favorecem", afirmou. Ele ressaltou que essa estratégia tem sido aplicada contra o México e outros países, e que "é óbvio que ele vai atirar especialmente nos países que têm relações com a China".

      O dirigente petista alertou que o Brasil está vulnerável a uma guerra comercial e que a resposta do governo deveria ser rápida e efetiva. "O Brasil deveria reagir a isso de maneira muito rápida, reforçando sua soberania em todos os terrenos", defendeu. Ele criticou a fragilidade nacional na área digital, destacando a dependência do país em relação a plataformas estrangeiras: "É uma piada a nossa soberania digital. Ela efetivamente não existe. Isso não se resolve adotando medidas judiciais contra a Meta ou Elon Musk, se resolve criando infraestrutura dentro do país para hospedar redes, nuvem, informações e, ao mesmo tempo, criando redes sociais e de comunicação próprias, sob controle nacional".

      Outro ponto levantado foi a necessidade de uma reformulação nas Forças Armadas, que, segundo ele, têm uma formação alinhada aos interesses dos Estados Unidos. "As Forças Armadas Brasileiras têm a sua cabeça formada em Washington e, portanto, elas são antinacionais", disse Pomar, enfatizando a urgência de mudanças estruturais para garantir a soberania militar do país. Ele também defendeu a reconstrução da capacidade industrial e tecnológica brasileira, criticando a falta de um projeto claro de reindustrialização nacional.

      No cenário doméstico, Pomar comentou a relação do governo Lula com o Congresso Nacional e criticou a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como novo presidente da Câmara dos Deputados. Ele alertou que o discurso do parlamentar para justificar o protagonismo do Congresso é, na prática, uma tentativa de reduzir o poder do Executivo. "Ele faz uma defesa do parlamentarismo e omite que o povo brasileiro, em 1993, votou pelo presidencialismo e derrotou o parlamentarismo", apontou. Para Pomar, a defesa das emendas parlamentares impositivas por Motta aprofunda um modelo que inviabiliza a gestão do governo federal.

      Sobre o governo Lula, o dirigente petista afirmou que há uma postura de conciliação com setores da elite econômica que prejudica a execução de políticas voltadas para a base social do presidente. Ele criticou a manutenção da taxa de juros em patamares elevados e a falta de enfrentamento com o capital financeiro. "Se o governo quer mudar o status quo na relação com o capital financeiro, precisa criar uma crise muito grande. A gente tem que criar uma crise junto ao capital financeiro, senão não vai funcionar", defendeu.

      A entrevista também abordou os desafios para as eleições de 2026. Pomar considerou preocupantes os números da pesquisa Genial/Quaest, que mostram Lula liderando os cenários eleitorais, mas com um percentual de apoio inferior ao de 2022. Ele alertou para o risco de uma candidatura de direita crescer até lá. "O que a gente percebe é que existe um eleitorado insatisfeito conosco que ainda não encontrou uma alternativa unificada e potente, mas que pode vir a encontrar", analisou.

      Por fim, Pomar destacou que a crise econômica e a insatisfação popular precisam ser combatidas com ações concretas do governo, especialmente em relação ao custo de vida. "O governo tem instrumentos de curto prazo que ele tem que acionar para baratear aqueles produtos de consumo de massa, incluindo carne, café e hortifrutigranjeiros. Tem que acionar os estoques reguladores, tem que fazer compra em larga escala, tem que usar recursos para isso", afirmou, defendendo medidas emergenciais para reduzir a inflação dos alimentos.

      A entrevista reforçou a visão de Valter Pomar sobre a necessidade de o Brasil enfrentar seus desafios internos e externos com uma postura mais assertiva. Para ele, apenas medidas concretas de reindustrialização, fortalecimento da soberania digital e reformas nas Forças Armadas podem garantir que o país não fique refém das disputas geopolíticas e da influência estrangeira. Assista: 

       

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