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    "O capitalismo é o caminho para a guerra", diz Valter Pomar sobre o cenário global

    Historiador critica o G20, aponta contradições diplomáticas e alerta para os riscos de uma escalada militar no cenário internacional

    (Foto: Brasil247)
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    247 - Durante participação no programa Contramola, transmitido pela TV 247, o historiador Valter Pomar apresentou uma análise contundente sobre o contexto geopolítico contemporâneo, abordando os debates do G20 e as tensões que marcam a relação entre grandes potências. Em sua fala, Pomar classificou o capitalismo como um sistema que inevitavelmente conduz à guerra e denunciou o que considera o "cinismo diplomático" de países como os Estados Unidos e a Argentina na luta contra a fome.

    "O capitalismo é o caminho para a guerra. Enquanto existiu a União Soviética, houve um contrapeso que evitou conflitos diretos como os que estamos vendo hoje. Agora, o capitalismo segue sem limites, provocando desigualdade, fome e guerras devastadoras", afirmou.

    A contradição do G20 e o papel da fome

    Pomar iniciou sua análise questionando a adesão da Argentina à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, mesmo sob as políticas econômicas do presidente Javier Milei. "Há governos que efetivamente combatem a fome, como o Brasil e a China. Mas há outros, como os Estados Unidos e a Argentina, que assinam compromissos enquanto promovem políticas que empobrecem suas populações", disse.

    Ele também resgatou a origem do G20, lembrando que o fórum foi ampliado em 2008, durante a crise financeira global, para incluir chefes de Estado. No entanto, criticou a falta de resultados concretos desde então. "Todas as promessas feitas pelos Estados Unidos para mudar a arquitetura financeira internacional foram abandonadas assim que a crise passou", denunciou.

    Crítica ao silêncio sobre a Palestina

    Um dos pontos mais polêmicos levantados por Pomar foi a ausência de menção à Palestina na declaração final do G20 Social, realizado no Brasil. "Como é possível que o governo brasileiro, que denunciou o genocídio na Palestina e suspendeu a compra de armamentos israelenses, permita que a palavra ‘Palestina’ sequer apareça na declaração final? Esse silêncio é barulhento e vergonhoso", afirmou.

    Para ele, a omissão reflete um temor de confrontar diretamente interesses globais e uma oportunidade perdida de fortalecer a posição do Brasil em temas fundamentais da geopolítica.

    O encontro Lula-Xi Jinping e as pressões internas

    Pomar também destacou a importância estratégica do encontro entre o presidente Lula e o líder chinês Xi Jinping. Ele criticou as pressões internas e externas para impedir uma aproximação maior entre os dois países. "Os Estados Unidos e setores do empresariado brasileiro não querem que o Brasil avance em uma aliança estratégica com a China, pois preferem manter o país como exportador de commodities e dependente de produtos industrializados", afirmou.

    Ainda assim, ele vê na parceria com a China uma oportunidade única de romper com esse modelo. "A China entende que fortalecer o Brasil enfraquece os Estados Unidos, o que é fundamental para desenhar uma nova ordem global", completou.

    Os riscos de uma escalada militar global

    O historiador alertou ainda para os perigos da escalada militar entre Rússia, Estados Unidos e Ucrânia, após a autorização do governo Biden para o uso de mísseis de longo alcance contra o território russo. "Estamos falando de uma Terceira Guerra Mundial. Durante toda a Guerra Fria, União Soviética e Estados Unidos evitaram um conflito direto. O que vemos hoje é a completa irresponsabilidade das potências capitalistas, que nos conduzem a uma situação extremamente grave", alertou.

    Ele também criticou a apatia da elite política brasileira diante do cenário global. "Os impactos de uma guerra ampliada seriam devastadores para a economia e a sociedade brasileiras. Mas nossa elite política parece ignorar esse risco, agindo como se isso fosse um problema distante", afirmou.

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