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'O fascismo não largou do Brasil e busca agora conter Lula', diz Fernando Horta

Historiador também questionou recentes pesquisas de opinião. Assista na TV 247

Fernando Horta (Foto: Reprodução)

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247 - O historiador Fernando Horta discutiu, em entrevista à TV 247, a pesquisa Datafolha que aponta que 28% dos moradores de São Paulo se dizem mais de direita e 21%, mais de esquerda. Horta questionou a metodologia e a crescente influência política das pesquisas de opinião no cenário político brasileiro.

"A primeira pesquisa, por exemplo, que se propõe a medir o tamanho do teu fêmur, vamos supor. Então, o pesquisador vai lá e mede o tamanho do teu fêmur, mede o tamanho do fêmur de todo mundo e chega a uma média. A outra pesquisa é quando o pesquisador pergunta para a pessoa qual é o tamanho do fêmur dela. É muito diferente, uma coisa, você está medindo o seu objeto, a segunda, você está fazendo uma pesquisa que nós chamamos de opinião, que depende da pessoa que vai responder de saber onde é que fica o fêmur, de entender de onde até onde tem que medir, como ela tem que medir. E isso tudo faz uma enorme diferença", explicou Horta.

Ele também questionou a frequência e o uso político das pesquisas de opinião no Brasil. "O Brasil está vivendo uma febre de pesquisas de opinião. Infelizmente essa é a nova forma de manipulação das políticas públicas no Brasil. Então, todo mundo, todos os dias, faz pesquisa de opinião para tudo e apresenta os seus resultados para efetivamente pressionar os tomadores de decisão, os gestores públicos, sejam municipais, estaduais ou federais, seja do executivo, do legislativo, não interessa. E até do Judiciário é colocado nisso. E a gente tem que ter um certo cuidado com relação a isso."

Horta observou ainda a falta de entendimento do público sobre os conceitos de esquerda e direita. "A imensa maioria das pessoas não sabe o que é esquerda ou direita, dependendo da forma como você coloca a questão, você joga valores para um lado e para o outro. Agora, eu acho que o que essa pesquisa quis dizer mesmo é que nos últimos 10 anos houve um aumento maior da direita do que da esquerda."

Ele destacou a influência de eventos recentes na capital paulista, como a marcha LGBT, nos resultados da pesquisa. "A pesquisa é feita logo depois de um evento em que a capital paulista recebeu a marcha LGBT, e isso faz muita diferença, porque obviamente que as pessoas que são o alvo para serem chocadas por aquela marcha. Sim, porque a marcha tem uma função política, ela visa que as pessoas sejam retiradas do seu local de tranquilidade, de calmaria, e tenham que refletir sobre essas coisas, então isso também interfere no processo da política LGBT, e é claro que nós estamos vivendo ainda um ranço da época Bolsonaro. É muito ruim para nós no Brasil sabermos que depois de tudo o que nós já temos de provas e comprovações sobre Jair Bolsonaro, ainda 19% da população em São Paulo se diz ligada a ele."

Por outro lado, Horta reconheceu o aspecto positivo dos resultados. "Por um lado é bom, porque mostra que São Paulo segue vibrante e segue progressista e segue querendo transformar as coisas, um núcleo, um centro urbano com essas características no Brasil é maravilhoso que a gente tenha."

No entanto, ele expressou preocupação com a persistência de ideologias fascistas. "Por outro lado, a gente sempre fica preocupado porque esse fascismo não nos larga, não nos abandona. E aqui, de novo, parte do plano, do maior plano que nós temos das elites brasileiras, que é a contenção do governo Lula."

Horta afirmou, por fim, que a elite brasileira está tentando controlar o presidente Lula e parece ter obtido algum sucesso. "A elite brasileira tenta controlar o presidente Lula e eu vou dizer me parece que tem obtido algum sucesso, mesmo que os dados hoje nos sejam bastante favoráveis - chegamos aí à oitava economia do mundo -, me parece que o presidente Lula está com o freio de mão puxado também por conta dessa ação e essa ação se reflete nesse tipo de pesquisa que a Folha mostra." Assista na TV 247: 

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