HOME > Entrevistas

Reginaldo Nasser: "O Hezbollah está completamente frágil"

Ataques israelenses expõem a fragilidade do Hezbollah e fortalecem Benjamin Netanyahu, enquanto inércia internacional agrava o conflito no Líbano

(Foto: Reuters | Reprodução )

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o professor Reginaldo Nasser, especialista em relações internacionais, analisou a escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano, destacando as implicações políticas e militares da ofensiva israelense. "O que Israel faz no Líbano não é novidade", afirmou Nasser. Ele relembrou a longa história de confrontos entre os dois países, especialmente desde a entrada de Israel na guerra civil libanesa na década de 1980.

De acordo com Nasser, os ataques de Israel ao Líbano não se limitam ao sul do país, mas têm atingido também a capital Beirute, como ocorreu em 2006. Ele destacou o impacto devastador da ofensiva sobre a população civil. "Há vários mortos, incluindo crianças. Isso já vem desde a semana passada com a questão dos civis", comentou.

O Hezbollah e a mudança no cenário militar

Sob a perspectiva militar, o professor sublinhou uma mudança importante: a fragilidade exposta do Hezbollah. "A gente especulava sobre o poderio bélico do Hezbollah, que aumentou muito desde a última guerra. Eles têm mísseis de médio e longo alcance, mas o sistema de comunicação e inteligência foi desmontado por Israel." Nasser citou fontes árabes, apontando que a capacidade de reação do Hezbollah está comprometida, o que favorece a continuidade dos ataques israelenses.

Netanyahu e o apoio interno

Outro ponto levantado por Nasser foi o fortalecimento político de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em meio à crise. Segundo ele, a opinião pública israelense, tradicionalmente sensível a questões de segurança, tem dado maior apoio ao líder. "Netanyahu vai se sustentando com essas guerras", disse. Apesar da crise econômica interna, Israel não parece preocupado com o futuro a médio ou longo prazo. "Até agora, Israel tem dado um 'passeio', mas vamos ver o que acontece", ponderou.

Inércia internacional e o papel das potências

A crítica à inação da comunidade internacional foi um dos pontos centrais da análise de Nasser. "Ninguém faz absolutamente nada: nenhum país, nenhuma instituição, nada. Israel continua a fazer o que quer." Ele destacou que o Líbano, com forças armadas debilitadas, não tem condições de responder aos ataques, e que o estado libanês é praticamente ineficaz em momentos como esse. "O que eu acho que está acontecendo é que Israel está sendo segurado por alguém. A minha hipótese é que sejam as monarquias do Golfo."

O professor também apontou para o papel ambíguo das monarquias árabes, que, por meio de seus investimentos e controle sobre a produção de petróleo, poderiam exercer uma pressão significativa sobre Israel, mas optam por não interferir. "Eles poderiam parar o genocídio, o ataque ao Líbano, com sanção econômica a Israel. Só isso parava na hora", afirmou Nasser.

Futuro incerto e ausência de estratégia

Nasser encerrou a entrevista de forma pessimista quanto às perspectivas de uma solução duradoura para o conflito, tanto no Líbano quanto na Palestina. Ele criticou a ausência de planos concretos por parte das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, que antes, ao menos, apresentavam propostas de "planos de paz", ainda que ineficazes. "Agora, não tem nada. A única coisa que aparece de vez em quando é cessar-fogo", lamentou.

A entrevista de Reginaldo Nasser deixa claro que, enquanto a escalada de violência se intensifica, o cenário geopolítico permanece marcado pela incerteza, com Israel buscando consolidar sua posição interna e o Hezbollah enfraquecido em um Líbano desestruturado. A falta de uma resposta coordenada da comunidade internacional contribui para a perpetuação do conflito, que continua a gerar sofrimento e destruição no Oriente Médio. Assista:

 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Relacionados