"Sucesso de Lula não é garantia contra a ascensão de fascistas como Marçal", diz Mascaro
Professor e jurista afirma que o sistema capitalista produz figuras esdrúxulas sempre que necessário
247 – Em uma análise contundente sobre o cenário político brasileiro, o professor e jurista Alysson Mascaro alertou para os perigos que ainda rondam a democracia do país, mesmo com o sucesso do presidente Lula na área econômica em seu terceiro mandato. Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, Mascaro destacou que o sucesso do atual governo não é uma garantia contra a ascensão de figuras autoritárias e populistas, como o candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal.
"Perdemos 15 anos de governos do PT sem politizar a sociedade", afirmou Mascaro, refletindo sobre a falta de engajamento político das massas durante os governos de esquerda. Segundo ele, essa despolitização abriu espaço para o surgimento de líderes como Jair Bolsonaro, Michel Temer e, agora, Pablo Marçal. "Se houvesse politização das massas, não haveria Bolsonaro, Temer nem Pablo Marçal", destacou.
A mais recente pesquisa da Quaest, encomendada pela TV Globo, revelou um cenário de empate técnico triplo na corrida pela Prefeitura de São Paulo, com Guilherme Boulos (Psol), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) liderando com 22%, 19% e 19% das intenções de voto, respectivamente. Mascaro vê essa ascensão de Marçal como um sintoma de um problema maior: "Pablo Marçal é uma figura do capitalismo. Desde que há capitalismo, surgem figuras assim. São pessoas que só dizem coisas ridículas."
O jurista traça um paralelo histórico, comparando Marçal a outros líderes populistas que emergiram em momentos de crise. "Hitler já era uma figura esdrúxula. Desde que há capitalismo, surgem esses personagens", afirmou, apontando que o sistema capitalista tem a capacidade de produzir esses tipos de lideranças sempre que necessário. "Quem produz figuras como Pablo Marçal é o capitalismo."
Politização pela direita
Mascaro também criticou a comunicação do governo Lula, afirmando que, em um ano e meio de governo, já era necessário ter estabelecido uma nova estrutura que fosse capaz de combater a influência da direita e da extrema-direita. "A geração dos jovens brasileiros é majoritariamente de direita e de extrema-direita. Os políticos brasileiros hoje disputam para ver quem é mais de direita", lamentou.
Ele ainda ressaltou que, embora a juventude não esteja despolitizada, como muitos acreditam, ela está altamente politizada, mas por uma agenda de direita. "Estamos entrando no ano 15 de governos do PT e ainda não temos um projeto de mobilização", criticou Mascaro, enfatizando que o capital sempre tem um viés fascista, especialmente em momentos de crise. "O capital sempre é fascista. Só não é fascista quando não precisa. Ele sempre é potencialmente fascista."
Por fim, Mascaro fez um alerta quanto à situação internacional, especialmente em relação à Venezuela, afirmando que o mesmo argumento usado contra o governo venezuelano para não reconhecer a eleição de Nicolás Maduro pode ser aplicado contra o Brasil em um futuro próximo. "É óbvio que aconteceu algo que mudou o padrão brasileiro em relação à Venezuela. A única possibilidade possível é o constrangimento do imperialismo", alertou, concluindo que a luta contra o fascismo e a extrema-direita no Brasil ainda está longe de terminar. "O sucesso do presidente Lula no terceiro mandato não é uma garantia contra o fascismo", finalizou. Assista:
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