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      Valter Pomar: “A esquerda não é uma igreja. A esquerda é laica”

      Dirigente petista defende separação entre fé e política e critica aliança com setores religiosos que atuam de forma autoritária

      (Foto: ABR | Brasil247)
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Em entrevista ao programa Contramola, da TV 247, o historiador e dirigente político Valter Pomar abordou de forma crítica a relação da esquerda com o campo religioso, especialmente com os setores evangélicos. Pomar, embora concorde com a necessidade de respeito à fé alheia, fez distinções importantes.

      “A esquerda não tem intenção de combater a religião dos outros. A esquerda é laica. A esquerda defende o Estado laico”, afirmou. Segundo ele, o respeito às crenças não pode ser confundido com aceitação de projetos autoritários travestidos de fé. “Tem que diferenciar o que é a fé das pessoas, que deve ser respeitada, do que é a atitude política das pessoas, que deve ser combatida, e do que é o crime cometido por pessoas que se disfarçam de cordeiros de Deus.”

      Pomar criticou diretamente a teologia da prosperidade e a atuação de igrejas que ele classifica como “empresariais” e com práticas fascistas. Para ele, não se pode colocar no mesmo plano movimentos religiosos progressistas do passado — como os ligados à Teologia da Libertação — e os que hoje promovem intolerância e políticas de extrema direita. “Eu não posso tratar isso com a mesma régua com que nós legitimamente tratávamos a Teologia da Libertação. Não é a mesma coisa.”

      Ao falar da convivência da esquerda com lideranças religiosas fundamentalistas no passado recente, Pomar foi incisivo: “Nos governos Lula e Dilma, vários dirigentes de esquerda estabeleceram convênios políticos com lideranças fundamentalistas que depois estiveram na base do bolsonarismo.”

      O historiador também criticou a presença de rituais religiosos em eventos partidários. “Começou a ser hábito ver pessoas fazerem reza em eventos partidários. [...] Existe aí uma imposição de uma postura frente a outras.” Para ele, o partido deve manter o caráter laico, como condição para a existência da liberdade religiosa: “Se o Estado não é laico, no dia seguinte a pergunta é: ‘Qual religião?’ E as outras vão ser perseguidas.”

      Pomar lembrou que ele próprio é ateu, mas ressaltou que sua posição não é contra a fé, e sim a favor da liberdade. “Eu defendo até a morte o direito de um Estado laico, não de um Estado ateu. Porque não queremos um Estado para combater a religião dos outros, mas um Estado laico.”

      Em tom de alerta, ele concluiu: “Essas posições que são reacionárias, fundamentalistas, intolerantes, não podem ter nenhum tipo de tolerância da nossa parte. Porque senão a gente vai perder.”Assista: 

       

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