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      Programa de Trump lembra o de Hitler, diz Belluzzo

      Economista analisa paralelos entre políticas econômicas do nazismo e da gestão Trump

      (Foto: Luiz Gonzaga Belluzzo (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247))
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O economista Luiz Gonzaga Belluzzo traça, em uma análise profunda, as inquietantes semelhanças entre as políticas econômicas implementadas por Donald Trump e as estratégias do regime nazista na Alemanha dos anos 1930. Em texto publicado na CartaCapital, Belluzzo examina como as medidas autoritárias e o controle centralizado, disfarçados de resgate econômico, reconfiguram a relação entre Estado e mercado em ambos os contextos históricos.

      Belluzzo aponta que, no período entreguerras, o colapso das economias liberais foi agravado por políticas fiscais e monetárias conservadoras, que levaram a um cenário de desemprego em massa, falências e desespero social. "A miopia liberal-conservadora deixou governos paralisados pelo fetiche do padrão-ouro e do equilíbrio orçamentário", explica o economista, destacando que essa postura impulsionou reações autoritárias de proteção econômica e social.

      Na Alemanha nazista, líderes como Adolf Hitler capitalizaram o caos econômico para obter apoio das elites empresariais. Belluzzo descreve como grandes industriais foram convocados por Hermann Göring para alinhar seus interesses ao regime. "Hitler prometeu eliminar sindicatos, afastar a ameaça comunista e permitir que cada empresário fosse o ‘führer’ de sua própria empresa", relata. Apesar da narrativa comum sobre a "estatização" nazista, Belluzzo argumenta que houve uma "brutal privatização da política econômica", em que conglomerados como Siemens e Krupp controlavam a economia sob o comando do Estado.

      O economista observa que a administração de Donald Trump replicou elementos dessa lógica autoritária. "O gabinete de Trump, formado por empresários e representantes das finanças, reflete o mesmo alinhamento entre grandes corporações e poder político observado no III Reich", compara Belluzzo. A primazia do interesse nacional e a politização econômica, marcadas por medidas protecionistas, ecoam práticas que concentraram poder nas mãos de poucos.

      Belluzzo também se apoia em Karl Polanyi, autor de A Grande Transformação, para explicar como crises econômicas desencadeiam respostas autoritárias. Segundo Polanyi, o colapso do mercado autorregulado cria condições para que líderes despóticos tomem o controle. "O despotismo da mão invisível foi substituído pela tirania visível dos chefes, que politizaram todas as esferas da vida social", reforça o economista.

      A análise sugere que os paralelos entre Trump e o nazismo vão além de meras coincidências históricas, revelando uma tendência preocupante em tempos de crise. Belluzzo alerta que soluções autoritárias e a captura do Estado por interesses corporativos comprometem as liberdades democráticas e aprofundam desigualdades.

      Ao concluir, Belluzzo convida à reflexão sobre os perigos de repetir os erros do passado. Ele enfatiza que é essencial compreender as forças que levaram à ascensão do fascismo no século XX para evitar que crises contemporâneas alimentem soluções que enfraquecem a democracia e a justiça social.

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