Já criticado por 'lenga-lenga', Ibama deve atrasar exercício decisivo para exploração da Margem Equatorial pela Petrobras
Exercício de emergência ambiental previsto para abril está comprometido por inação do Ibama. Governo teme perda de prazo contratual e novos gastos
247 - A realização do exercício de emergência ambiental exigido pela Petrobras ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para avançar no licenciamento da perfuração do bloco 59, na Margem Equatorial corre risco de não acontecer no prazo previsto. Segundo informações publicadas pela Folha, o cronograma da estatal — que previa a vistoria da Unidade de Estabilização de Fauna e o teste de simulação de acidente ambiental em abril — pode ser frustrado devido à ausência de movimentação interna no órgão ambiental.
O chamado exercício de emergência, tecnicamente denominado Avaliação de Plano de Operação (APO), é a última etapa antes da deliberação sobre o licenciamento ambiental. No dia 14 de março, a Petrobras comunicou ao Ibama que a unidade para atendimento de fauna silvestre, parte essencial do plano de proteção da biodiversidade, estava prestes a ser concluída. A estatal indicou o dia 7 de abril como data possível para a vistoria.
No entanto, ainda de acordo com a reportagem, até o momento, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, não tomou medidas para mobilizar os analistas ambientais, definir os cenários acidentais a serem simulados ou estabelecer a logística do teste, que envolve simulação de derramamento de óleo, ativação de protocolos de emergência e uso de embarcações, aeronaves, barreiras de contenção e equipamentos de resgate. O teste também exige a participação de equipes da Petrobras, Ibama, Capitania dos Portos e Defesa Civil.
Internamente, o exercício é visto como a "bala de prata" de Agostinho para viabilizar uma saída técnica, ainda que enfrente resistência do corpo técnico do Ibama, cujo parecer anterior rejeitou o licenciamento solicitado pela estatal. Como descreveu um servidor especializado ouvido pela reportagem, será necessário um “malabarismo administrativo” por parte do presidente do órgão para reverter a orientação anterior e encaminhar o processo.
Diante desse impasse, fontes do Ibama avaliam que dificilmente o teste será realizado na primeira quinzena de abril — e talvez nem até o final do mês. Isso preocupa diretamente o setor energético do governo, que considera abril como o prazo-limite para iniciar a perfuração, devido ao contrato da Petrobras com a sonda que fará a operação. O contrato vence em outubro e, como a perfuração pode levar até seis meses, qualquer atraso pode inviabilizar a execução dentro do prazo previsto.
Segundo técnicos do governo, o custo diário da sonda contratada é de R$ 2,4 milhões, e a Petrobras já teria investido cerca de R$ 1 bilhão no bloco 59. A necessidade de uma nova contratação pode elevar ainda mais os gastos e provocar atrasos significativos. "A gente tem uma inflação de custos na indústria do petróleo. O mercado hoje está aquecido, a gente não tem sondas disponíveis", alertou Pietro Mendes, secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, durante evento realizado na quinta-feira (27). “A gente não vai ter sonda no mercado para fazer a perfuração, daí a urgência.”
A situação se agrava com a indefinição política em torno do tema. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre o licenciamento da Foz do Amazonas, deve ocorrer apenas após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de sua viagem à Ásia. Lula encerrou a visita ao Japão nesta quinta-feira (27) e seguiu para o Vietnã.
Silveira, por sua vez, cobrou publicamente uma postura mais assertiva de Agostinho. Em 20 de março, insinuou que faltaria "coragem" ao presidente do Ibama para conceder a licença ambiental para a perfuração.
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