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    Apesar de divergências, Lula e Meloni mantêm boa relação; premiê italiana pode ser ponte com Trump, avalia diplomata

    Ex-embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise elogia o pragmatismo e a ênfase no multilateralismo adotados por Lula

    17.11.2024 - Presidente Lula tem reunião com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, Rio de Janeiro-RJ (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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    247 - Com o Brasil e a Itália em destaque no cenário global devido às presidências do G20 e do G7, respectivamente, o presidente Lula (PT) e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, têm demonstrado que, apesar de divergências ideológicas, os interesses estruturais e complementares de seus países prevalecem. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Michele Valensise, ex-embaixador da Itália no Brasil, avalia que a relação entre os dois países segue sólida e promissora.

    Valensise, que atuou como embaixador em Brasília entre 2004 e 2009 e foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores italiano, aponta que a postura pragmática de Lula e Meloni reforça a ideia de que afinidades políticas são secundárias em comparação às necessidades bilaterais. "Me parece que nossos dois líderes, Lula e Meloni, têm plena consciência disso", afirmou.

    Cúpulas e pragmatismo - A colaboração entre Brasil e Itália se consolidou ao longo de 2023, com encontros estratégicos em eventos como o G20 e o G7. Durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Lula e Meloni mantiveram uma reunião bilateral, onde o presidente brasileiro destacou a necessidade de melhorar os serviços da Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo. Apesar das críticas feitas pela premiê italiana no passado, a relação institucional entre os dois líderes tem se mostrado cordial.

    A visita de Estado do presidente italiano Sergio Mattarella ao Brasil, em julho, reforçou os laços bilaterais. Valensise destacou que a integração das comunidades italianas e ítalo-descendentes no Brasil, somada ao dinamismo econômico entre os dois países, permanece como um pilar estratégico.

    Desafios e oportunidades - Embora Meloni mantenha relações próximas com figuras como Donald Trump e Javier Milei, líderes que se opõem às políticas de Lula, o diplomata acredita que esses alinhamentos não comprometem as relações com o Brasil. Pelo contrário, Meloni pode desempenhar um papel diplomático relevante, caso consiga equilibrar interesses europeus e internacionais.

    Sobre a política externa brasileira, Valensise elogiou o pragmatismo e a ênfase no multilateralismo adotados por Lula. Para ele, a postura do Brasil diante de potências globais, como os Estados Unidos, é marcada por equilíbrio. "O Brasil sempre soube manter uma relação equilibrada com os EUA, independentemente da cor política da administração em Washington", observou.

    O impacto de Trump no cenário internacional - A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos pode apresentar desafios para o protagonismo brasileiro na América Latina e para os resultados obtidos no G20. Contudo, Valensise acredita que a história diplomática entre Brasil e EUA, especialmente durante o primeiro mandato de Lula, é um indicativo de que um relacionamento pragmático pode prevalecer.

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