Celso Amorim sobre conflito no Líbano: "precisamos retirar os brasileiros que queiram sair"
"A guerra não é contra o Hezbollah, é contra o Líbano todo, então os brasileiros estão sendo atingidos”, disse o assessor especial do presidente Lula
247 - O ex-chanceler Celso Amorim, conselheiro do presidente Lula (PT) para assuntos internacionais, afirmou que a nova guerra de Israel é contra o Líbano todo, e não apenas contra o Hezbollah. Amorim ressaltou que não há dúvidas no governo sobre a necessidade de retirada dos brasileiros na região e destacou, com base nas suas experiências anteriores, a complexidade da operação, apesar de não estar participando da logística da atual operação.
“Não há dúvida de que precisamos retirar os brasileiros que queiram sair. A guerra não é contra o Hezbollah, é contra o Líbano todo, então obviamente os brasileiros estão sendo atingidos”, disse Amorim em entrevista ao jornal O Globo nesta terça-feira (1)
Lula já autorizou a operação de repatriação e a estimativa é que ao menos 240 brasileiros sejam retirados do Líbano no primeiro voo, sem data confirmada. De acordo com o chanceler Mauro Vieira, as prioridades serão idosos, mulheres, grávidas, crianças doentes e outros que mais precisarem.
Lula já autorizou operação semelhante em 2006, na última guerra entre Israel e o Hezbollah, quando a operação foi comandada por Amorim, à época chanceler do Brasil. O ex-ministro ressaltou a complexidade da operação e lembrou que foi preciso mobilizar aviões de empresas áreas para conseguir retirar todos os brasileiros: 3 mil pessoas.
A principal rota de evacuação de brasileiros usada na época, por Damasco, na Síria, está mais perigosa hoje por remanescentes do Estado Islâmico. “Muitos brasileiros estão vivendo no vale do Bekaa. Pela minha experiência da outra guerra, a região é muito atingida”, observou Amorim.
Nesta segunda-feira (30), o presidente Lula condenou os ataques de Israel contra o Líbano e afirmou que Israel está “atacando e matando pessoas inocentes” e que a guerra é a “prova da insanidade humana”. “ A guerra é a prova da incapacidade civilizatória de um cidadão que acha que pode, na explicação de ter que se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender”, disse Lula em discurso no México.
A situação no Líbano tem se agravado com os constantes ataques e a escalada do conflito. Segundo fontes internacionais, Israel tem realizado incursões terrestres “limitadas e localizadas” contra alvos específicos ao longo da fronteira.
Desde a semana passada, a Força Aérea israelense tem realizado ataques massivos contra alvos do Hezbollah em várias partes do Líbano. Vários ataques aéreos de precisão também foram registrados em Beirute, matando comandantes de alto escalão do Hezbollah. Até o momento, o exército israelense relatou ataques a vários milhares de alvos do Hezbollah. Observadores notam que Israel não atacava o Hezbollah com tamanha intensidade desde a Segunda Guerra do Líbano, em 2006.
Segundo a RFI, desde 23 de setembro, quando os bombardeios israelenses foram iniciados, mais de mil pessoas morreram, em sua maioria civis, e outras 6 mil ficaram feridas. Os bombardeios de segunda-feira (30) resultaram em 95 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano.
Os deslocamentos forçados por conta do conflito alcançaram cerca de 1 milhão de pessoas foram deslocadas. Nesta terça-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo pela criação de um fundo de US$ 400 milhões para ajudar os deslocados.
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