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    China aposta no multilateralismo para fortalecer economia global diante do isolacionismo dos EUA

    Aprofundamento da cooperação econômica global é um dos destaques no relatório de trabalho do Congresso Nacional do Povo, cuja sessão anual se iniciou hoje

    Primeiro-ministro chinês Li Qiang apresenta o relatório de trabalho do Congresso Nacional do Povo (Foto: Xinhua/Li Xueren)
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    Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - No âmbito das Duas Sessões, a Assembleia Popular Nacional (APN) da China deu início aos trabalhos nesta quarta-feira (5), no Grande Palácio do Povo, em Beijing, com um forte discurso a favor do multilateralismo e da abertura comercial. Em um momento em que os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, intensificam barreiras tarifárias e adotam medidas protecionistas, a China adota a estratégia de se apresentar como um pilar da cooperação global e do que chamou de "estabilidade econômica internacional".

    Durante a sessão inaugural, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apresentou o Relatório de Trabalho do Governo, destacando a participação ativa da China em eventos multilaterais e a ampliação de suas relações diplomáticas e comerciais ao longo de 2024.

    "Trabalhamos para consolidar e ampliar as relações de parceria global e aderir a um multilateralismo genuíno, desempenhando assim um papel positivo e construtivo na resposta aos desafios globais e na resolução de problemas internacionais e regionais candentes. A China fez contribuições importantes em prol da paz e do desenvolvimento do mundo", afirmou Li.

    "O agravamento do unilateralismo e do protecionismo representa um golpe à estabilidade das cadeias setoriais e de suprimento globais, dificultando assim a circulação econômica internacional", também destacou o relatório. O governo chinês reafirmou seu compromisso com a construção de uma "comunidade de destino compartilhado para a humanidade" e defendeu a necessidade de fortalecer o sistema de livre-comércio centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC).

    Rede de cooperação internacional - O discurso de Li Qiang enfatizou que, no último ano, a China desempenhou um papel ativo na diplomacia global, participando de cúpulas de alto nível, como as do BRICS, da APEC e do G20, além de sediar eventos estratégicos, como a Cúpula de Pequim do Fórum de Cooperação China-África e a Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação China-Estados Árabes. O país reiterou sua intenção de ampliar a rede de zonas de livre comércio, incluindo a assinatura da Versão 3.0 do acordo China-ASEAN e sua adesão ao Acordo de Parceria Transpazífica Integral e Progressiva.

    A reunião de abertura da terceira sessão da 14ª Assembleia Popular Nacional (APN) é realizada no Grande Salão do Povo em Pequim
    A reunião de abertura da terceira sessão da 14ª Assembleia Popular Nacional (APN) é realizada no Grande Salão do Povo em Pequim(Photo: Xinhua/Ding Haitao)Xinhua/Ding Haitao

    Diante do aumento do protecionismo global, a China apontou que a estabilidade das cadeias produtivas e de suprimentos está em risco devido às barreiras comerciais impostas por certas potências. "Devemos continuar a expandir a abertura institucional em regras, regulamentos, gestão e padrões", afirmou Li Qiang. Ele também ressaltou que "a cooperação econômica e comercial deve ser uma via de mão dupla, baseada no respeito mútuo e no benefício compartilhado". A China defendeu o aprofundamento das reformas econômicas e o fortalecimento de parcerias estratégicas em diversos setores, especialmente tecnologia, infraestrutura e energia limpa.

    Trump intensifica medidas protecionistas - Em um contraste com a postura chinesa, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na terça-feira (4) um novo pacote de tarifas contra países que, segundo ele, aplicam tributação sobre produtos americanos. O Brasil foi citado diretamente no discurso, assim como China, México, Canadá, Índia e União Europeia. "Muitos países usam tarifas contra nós há décadas, nós começaremos a usar contra eles", declarou Trump.

    A nova medida se soma a uma série de barreiras aplicadas pelo governo norte-americano sobre produtos como aço, alumínio e etanol, afetando diretamente o Brasil e outros parceiros comerciais. A política tarifária de Trump tem gerado reação negativa entre economistas, que alertam para o risco de uma escalada protecionista com impacto negativo no comércio global.

    Enquanto a China busca fortalecer laços comerciais e expandir suas parcerias internacionais, os Estados Unidos seguem um caminho oposto, aumentando barreiras e reduzindo sua participação em organismos multilaterais. "A história nos ensina que o isolamento econômico não traz prosperidade a longo prazo", pontuou o relatório chinês.

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