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    China tem artilharia pesada para reagir à guerra comercial de Trump

    Analistas apontam que o país asiático está mais preparado para contramedidas em caso de novas sanções dos EUA

    Donald Trump (à esq.) e Xi Jinping (Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS)

    247 – Durante sua campanha eleitoral, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou suas intenções de impor tarifas severas, superiores a 60%, sobre todas as importações provenientes da China, revivendo a retórica que marcou seu primeiro mandato e resultou em uma guerra comercial trilionária com Pequim. Desta vez, no entanto, a China está melhor equipada para responder, conforme detalhado por especialistas em comércio e analistas de risco à Sputnik Brasil.

    De acordo com esses analistas, a China possui “poderosas contramedidas” preparadas para proteger seus interesses e retaliar medidas americanas caso Trump opte por reativar a guerra tarifária. Wang Dong, diretor do Instituto para a Cooperação e Compreensão Global da Universidade de Pequim, afirmou: “Este é um processo de duas vias. A China, naturalmente, tentará interagir com o presidente Trump de qualquer maneira, tentará negociar. Mas se, como aconteceu em 2018, nada puder ser alcançado através de negociações e tivermos que lutar, defenderemos firmemente os direitos e interesses da China”.

    Novas armas legais e econômicas

    Desde a última guerra comercial, a China fortaleceu suas ferramentas de retaliação, incluindo a “lei contra sanções estrangeiras”, aprovada em 2021. Essa legislação permite que o país implemente medidas punitivas contra empresas e indivíduos de países que considera hostis. Adicionalmente, a China expandiu seu controle sobre exportações, particularmente de metais de terras raras, um recurso crucial em várias indústrias tecnológicas e estratégicas.

    Andrew Gilholm, especialista em questões chinesas da consultoria Control Risks, destacou: “Continuo dizendo aos nossos clientes: ‘Você acha que avaliou o risco geopolítico da guerra comercial entre os EUA e a China, mas não o fez, porque a China ainda não retaliou seriamente’”. Para analistas, as respostas de Pequim até agora foram moderadas, utilizando “flechas”, mas agora há um arsenal mais robusto que pode ser acionado.

    Impacto no cenário global e em aliados dos EUA

    Observadores apontam que a postura dura de Trump pode levar outras economias a buscar alternativas comerciais mais estáveis. Joe Mazur, analista de mercado, explicou: “Se outras grandes economias começarem a ver os EUA como um parceiro comercial pouco confiável, elas podem procurar cultivar laços comerciais mais profundos com a China em busca de mercados de exportação mais favoráveis”.

    A política comercial antagônica de Trump reflete uma visão antiga de que os EUA sofreram desindustrialização devido a acordos comerciais que favorecem países exportadores. Essa abordagem coloca em risco não apenas a relação bilateral com a China, mas também o comércio com parceiros tradicionais dos Estados Unidos.

    Especialistas acreditam que, se novas tarifas forem impostas, a resposta chinesa desta vez poderá incluir uma combinação de restrições a exportações essenciais e sanções estratégicas que atingam setores econômicos cruciais para Washington, aumentando a tensão e o impacto global da disputa.

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