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      Do coração do Iêmen, Pepe Escobar revela a força moral de um povo sob bombardeio

      Jornalista revela como é viver no país devastado por uma guerra esquecida, enfrentando bloqueios, ataques a civis e resistência silenciosa

      Pepe Escobar no Iêmen (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em mais um episódio do Pepe Café, o jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar compartilha uma das mais intensas experiências de sua carreira: uma imersão profunda no Iêmen, país devastado por uma guerra imposta desde 2015 e alvo de sanções, bloqueios e ataques a civis. Em companhia de um grupo de estrangeiros — que incluiu o neto de Nelson Mandela, um professor muçulmano chinês fluente em árabe e ex-parlamentares europeus — Escobar cruzou o território iemenita, do aeroporto de Amã, na Jordânia, até Sanaa, a capital, e Saada, no noroeste do país, revelando a brutal realidade ignorada pela mídia ocidental.

      “O Iêmen era um dos meus sonhos. Conhecer o Iêmen por dentro, com sua graça natural, sua retitude moral e sua força interior, é uma experiência transformadora”, resume Escobar. A viagem o colocou em contato direto com figuras-chave da resistência iemenita, incluindo Yahya Sari, porta-voz da Ansar Allah — mais conhecidos como houthis — e quatro dos nove membros do Conselho Político Supremo do país.

      Uma guerra invisibilizada: civis sob ataque diário
      Ao longo de sua jornada, Escobar testemunhou os efeitos diretos de bombardeios coordenados pelo Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), que atingiram bairros residenciais, universidades e até um hospital de câncer ainda em construção. Segundo ele, a justificativa de “alvos militares” é usada para encobrir ataques indiscriminados a civis: “Vi prédios atingidos onde não havia nada além de civis. Vi o hospital de câncer destruído. Isso é crime de guerra.”

      O jornalista denuncia o papel ativo de Washington, especialmente a partir da presidência de Donald Trump, no apoio a ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita. “Trump declarou que os iemenitas eram bárbaros que precisavam ser aniquilados. E agora, com Trump 2.0, a guerra continua com novos disfarces.”

      Entre a tradição e a resistência: o povo do Iêmen
      Apesar da destruição, Escobar destaca a dignidade e firmeza dos iemenitas: “Eles pedem desculpas por todos os problemas, como se a guerra fosse culpa deles. São graciosos, educados e politicamente conscientes. Têm absoluta clareza moral.”

      O Iêmen não é apenas palco de conflito, mas berço de civilizações milenares. Escobar visitou o lendário Palácio de Pedra, experimentou o renomado café de Haraz — considerado por ele o melhor do mundo — e caminhou pelos mercados tradicionais de Saada, escoltado por homens armados em meio ao risco constante de bombardeios.

      A visita incluiu uma audiência de mais de duas horas com o ex-primeiro-ministro Bin Habtour e encontros com lideranças que, segundo Escobar, demonstraram uma capacidade impressionante de governar sob embargo: “Eles são firmes, serenos, sabem o que estão fazendo. Trump vai ter que destruir boa parte do Iêmen para ‘vencer’ — e mesmo assim, não vencerá.”

      O epicentro das guerras eternas
      Segundo Escobar, o Iêmen ocupa posição estratégica no controle do Mar Vermelho e do estreito de Bab el-Mandeb. Por isso, tornou-se alvo prioritário na geopolítica das “guerras eternas” do Ocidente: “O USS Truman já foi atingido por mísseis iemenitas. Eles não recuarão. O Iêmen está na linha de frente de uma nova ordem multipolar.”

      A experiência culminará com a participação do jornalista em uma das célebres marchas de sexta-feira em Sanaa, que reúnem milhões nas ruas. “Estarei no meio do furacão. Isso é um sonho profissional realizado.”

      o Iêmen que resiste
      Em sua crônica audiovisual e emocional, Escobar convida o mundo a enxergar o Iêmen para além da narrativa de “terrorismo” e “barbárie” imposta pelo Ocidente. Ele revela um povo que resiste com dignidade, que cultiva cafés milenares enquanto enfrenta mísseis e drones, que governa apesar do bloqueio.

      É um testemunho valioso, humanizador e necessário em tempos de desinformação e apagamento geopolítico. Assista:

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