Especialistas alertam que tarifas dos EUA não alcançarão efeito desejado e visam apenas manter hegemonia do dólar
Medidas protecionistas de Trump são vistas como tentativa de preservar domínio econômico, mas podem gerar consequências adversas
247 – As recentes tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão gerando preocupação entre analistas e governos ao redor do mundo. Em 3 de abril de 2025, Trump instituiu um pacote agressivo de tarifas sobre importações, impondo uma taxa de 20% sobre a maioria dos produtos vindos da União Europeia e até 49% sobre exportações de países do Sudeste Asiático, como Vietnã e Tailândia. As medidas, batizadas de "Dia da Libertação", foram justificadas pelo governo norte-americano como uma estratégia para restaurar a indústria doméstica e corrigir os déficits comerciais. No entanto, especialistas alertam que essas tarifas dificilmente alcançarão o efeito pretendido e podem ter como objetivo principal a manutenção da hegemonia do dólar no cenário global.
A notícia foi originalmente publicada pela agência Xinhua, que destacou análises de diversos economistas internacionais sobre o impacto sistêmico da nova política tarifária. Para os especialistas ouvidos, trata-se de uma tentativa de Washington de prolongar artificialmente a supremacia financeira global dos Estados Unidos, num contexto em que países do Sul Global buscam alternativas ao sistema dolarizado.
Reações internacionais e riscos de retaliação
A resposta internacional foi imediata. Na União Europeia, líderes classificaram a medida como "fundamentalmente errada" e iniciaram consultas sobre possíveis retaliações, buscando proteger os interesses do bloco sem provocar uma escalada comercial. A China, por sua vez, respondeu com rapidez e firmeza, impondo tarifas de 34% sobre determinados produtos norte-americanos e limitando o acesso de empresas dos EUA ao mercado chinês.
Especialistas alertam que esse movimento pode desencadear uma nova guerra comercial, com impactos devastadores sobre o crescimento global. Há preocupação entre economistas de que essas medidas, somadas às tensões geopolíticas, provoquem uma recessão sincronizada e aumentem as pressões inflacionárias em escala mundial.
Efeitos nos EUA: risco de inflação e recessão
Internamente, os efeitos também são visíveis. Contrariando as expectativas convencionais de que tarifas fortalecem a moeda nacional, o índice do dólar caiu após o anúncio. A queda foi interpretada como sinal de desconfiança dos mercados frente às políticas adotadas pela Casa Branca. A percepção de risco, combinada à ameaça de retaliações externas, aumentou a volatilidade nos mercados financeiros e trouxe incerteza sobre o futuro da economia norte-americana.
O economista Larry Summers classificou as medidas como "destrutivas", enquanto Paul Krugman alertou para efeitos inflacionários duradouros. Estudos preliminares da Universidade de Yale apontam para uma elevação de até 2,3% nos preços ao consumidor nos Estados Unidos, como consequência direta das tarifas. Já o Fundo Monetário Internacional estima que o impacto global pode se traduzir em uma perda de até 30 trilhões de dólares para a economia mundial.
Hegemonia do dólar em xeque
Para analistas de política internacional, a iniciativa de Trump tem também um componente estratégico: tentar barrar o avanço de sistemas alternativos ao dólar nas transações comerciais. A crescente adesão de países a mecanismos de pagamento em moedas locais, como o yuan ou o euro, ameaça diretamente o papel dominante da moeda americana.
Especialistas argumentam que, ao taxar produtos estrangeiros, o governo norte-americano visa forçar uma dependência econômica em torno do dólar e de sua zona de influência. Contudo, esse movimento pode ter efeito contrário, acelerando o processo de desdolarização e aproximando países que buscam novos arranjos multilaterais.
As tarifas implementadas por Donald Trump, em seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, são vistas por muitos especialistas como uma resposta desesperada diante de mudanças estruturais no sistema internacional. Embora apresentadas como defesa da indústria nacional, as medidas têm forte viés geopolítico e sinalizam a tentativa de manter a hegemonia do dólar. No entanto, as consequências podem ser amplas e negativas: recessão, inflação, rupturas comerciais e enfraquecimento da confiança nos EUA como líder econômico global. O mundo assiste, mais uma vez, a uma aposta arriscada na política econômica protecionista de Washington.
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