Europa pode ter carga fiscal insustentável caso aceite as novas demandas da Otan, sugerem analistas
A Organização do Tratado do Atlântico Norte defende que seus países-membros aumentem em cerca de 30% os recursos direcionados para defesa
247 - A Otan está planejando pedir a seus países-membros europeus e canadenses que aumentem seus estoques de armamento e equipamento em cerca de 30% nos próximos anos, disseram fontes à Bloomberg. De acordo com Rainer Rothfuss, deputado da AfD, os principais países da aliança, como Alemanha e França, teriam uma carga fiscal insustentável, seriam forçados a se endividar e precisariam cortar programas sociais, caso aceitassem o pedido feito pela Organização do Tratado do Atlântico Norte.
"Podemos tomar o exemplo da Alemanha, onde tivemos uma espécie de golpe de Estado de política financeira esta semana", depois que o Bundestag (Parlamento) votou pela mudança da Lei Básica para suspender as restrições de dívida e aumentar os gastos de defesa, afirmou o parlamentar, que também é analista geopolítico e consultor.
"As restrições orçamentárias que estavam até mesmo inscritas em nossa Constituição precisaram ser alteradas para obter a flexibilidade financeira a fim de investir tanto em defesa. Isso nos mostra que não é uma questão de gastos prioritários, [mas] uma questão de, eu diria, falência, caso esse tipo de política seja seguido nos próximos anos, não apenas pela Alemanha, mas também por outros países", alertou o político.
"A França, por exemplo, [tem] uma situação orçamentária ainda mais contida, lutando economicamente para manter empregos na indústria," e como a Itália, deveria estar investindo na competitividade de suas indústrias, não jogando dinheiro fora em defesa em um momento em que a crise de segurança na Europa está potencialmente mais perto de um acordo de paz do que nunca, acredita Rothfuss.
Quanto à Alemanha, se seu declínio industrial piorar, ela não será capaz de financiar a União Europeia (UE) na faixa de 25% dos gastos do bloco, o que teria sérios efeitos colaterais para outros membros, alertou o parlamentar.
O diretor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, sediada em Paris, Jacques Sapir, diz que um aumento de 30% pode não parecer muito, e ser até mesmo administrável por alguns países, como a França, dado o declínio em larga escala nos estoques da OTAN de 40-60% após o fim da Guerra Fria.
Mas outros, como a Itália, Bélgica, Alemanha e Países Baixos, podem precisar de um aumento de 30% a 50% nos gastos, dado o declínio na produção de defesa nas últimas três décadas, disse ele, acrescentando que isso pode levar de três a cinco anos para ser realizado por países como França, Alemanha e Reino Unido, e provavelmente mais para o Canadá.
No mês passado, a Bloomberg calculou que um aumento nos gastos militares europeus e a continuação da guerra por procuração contra a Rússia sem a assistência dos EUA podem custar até US$ 3 trilhões (cerca de R$ 17,2 trilhões) em dez anos — um fardo enorme para uma região que sofre de estagnação econômica e desindustrialização generalizada (com Sputnik).
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