Filho de Trump, Donald Jr. assume papel central no futuro governo dos Estados Unidos
Influência de Trump Jr. destaca e visão anti-establishment, mas escolhas polêmicas enfrentam resistência no Senado
Reuters – Donald Trump Jr. tornou-se uma figura central na transição presidencial de Donald Trump, desempenhando um papel decisivo na montagem de um gabinete que promete ser o mais controverso da história moderna dos Estados Unidos. Trump Jr. tem priorizado lealdade ao ex-presidente e candidatos com visões anti-establishment, muitas vezes sobrepondo isso à experiência técnica dos indicados.
A influência de Trump Jr. já é visível em escolhas marcantes, como as de Robert F. Kennedy Jr. e Tulsi Gabbard, indicados para posições-chave, mas que devem enfrentar obstáculos no Senado. Kennedy, nomeado para chefiar o departamento de saúde, é amplamente criticado por disseminar informações falsas sobre vacinas. Já Gabbard, indicada para liderar a inteligência dos EUA, causou polêmica por declarações que relativizam ações de Vladimir Putin e encontros com Bashar al-Assad em meio à repressão violenta na Síria.
"É sobre cercar meu pai com pessoas que sejam competentes e leais", afirmou Trump Jr. em entrevista à Fox News, destacando sua estratégia para compor o governo.
O peso da lealdade na transição
Fontes próximas ao processo apontam que Trump Jr. teve papel crucial na escolha de J.D. Vance como vice na chapa republicana. Embora popular entre a base trumpista, Vance é visto com desconfiança por parte do establishment político devido a sua retórica anti-corporativa e oposição ao apoio militar à Ucrânia.
Por outro lado, algumas das sugestões de Trump Jr. não prosperaram, como a de Ric Grenell, ex-embaixador na Alemanha, para o cargo de secretário de Estado. Trump optou pelo senador Marco Rubio, cujas posições são mais alinhadas ao tradicionalismo do Partido Republicano.
Além disso, fontes revelaram à Reuters que Trump Jr. não tem se envolvido em decisões de cargos de menor escalão e não trabalha integralmente na transição. Apesar disso, sua influência segue significativa em nomeações estratégicas.
A nova dinâmica familiar
Diferente de 2016, Ivanka Trump e Jared Kushner, figuras centrais no primeiro mandato de Trump, têm papel reduzido nesta transição. No entanto, Kushner permanece envolvido de maneira informal, principalmente na normalização de relações entre Israel e Arábia Saudita, ampliando os Acordos de Abraão, iniciativa da qual foi arquiteto em 2020.
"Tenho colaborado com Steve Witkoff para atualizá-lo sobre os esforços passados de Trump na região", disse Kushner à Reuters por meio de um porta-voz.
A estrutura do governo, entretanto, parece mais organizada desta vez. Segundo um assessor próximo ao presidente eleito, "as coisas estão realmente mais ajustadas. Ele pode não precisar tanto da família agora como antes".
Com Susie Wiles nomeada como chefe de gabinete, Trump parece contar com uma equipe mais disciplinada, reduzindo a dependência de conselheiros familiares.
Desafios no Senado e além
Com um gabinete polarizador, Trump enfrenta desafios imediatos. A resistência do Senado às nomeações de Kennedy e Gabbard pode ser apenas o começo das dificuldades para consolidar sua administração.
Ao mesmo tempo, a influência de Trump Jr. reforça a marca política da família: um movimento que combina lealdade ferrenha ao líder com um discurso anti-establishment que divide opiniões nos Estados Unidos e no mundo.
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