Lula diz que Brasil tem chance geopolítica "excepcional", critica guerra entre Rússia e Ucrânia e condena o genocídio em Gaza
"Aqueles que querem conversar conosco agora poderiam ter conversado conosco antes de começar a guerra", disse o presidente
247 - O presidente Lula (PT) participou nesta segunda-feira (16) da cerimônia de formatura da turma Esperança Garcia do Instituto Rio Branco e, em discurso, exaltou o papel internacional do Brasil, criticou a guerra entre Rússia e Ucrânia e condenou, novamente o genocídio do povo palestino promovido por Israel na Faixa de Gaza. O presidente destacou que o Brasil tem, por meio da transição energética, uma chance inédita de se inserir no centro da geopolítica.
"O Brasil precisa se fazer presente no mundo. O Brasil não é um país pequeno. E o Brasil não pode ser grande apenas pela extensão territorial. O Brasil tem que ser grande porque nós, brasileiros, precisamos acreditar que nós teremos a importância no mundo que a gente queira ter. E vocês estão assumindo a responsabilidade de um cargo, como funcionários do Estado brasileiro, na minha opinião em um momento muito excepcional, muito extraordinário. O Brasil talvez não tenha tido na história nenhuma perspectiva, nenhuma chance de galgar espaços importantes no mundo como ele tem agora, com a transição climática e energética. Nunca o mundo viu o Brasil com tanta importância. Não é só por causa do agronegócio, dos minérios de ferro, da soja ou da carne. É porque o Brasil, em se tratando de energia, é imbatível. Basta que a gente seja grande, pense grande, acorde e transforme esse sonho em realidade", disse o presidente, antes de ressaltar a posição brasileira diante dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e na Faixa de Gaza.
"Por isso estamos fazendo com que essa coisa da transição energética seja para nós um novo momento do Brasil se desenvolver, crescer, se apresentar ao mundo de cabeça erguida, sem complexo de vira-lata, de inferioridade. Por isso é importante o Brasil não participar da guerra da Ucrânia e da Rússia, dizer que nós queremos paz e não guerra. Aqueles que querem conversar conosco agora poderiam ter conversado conosco antes de começar a guerra. Por isso nós repudiamos o massacre contra mulheres e crianças na Palestina, da mesma forma que repudiamos o terrorismo do Hamas. O Brasil prima por uma coisa: nós fazemos parte de um continente que gosta de paz e nós queremos paz. A guerra não traz benefício. Ela não constrói, só destrói. Ela não ajuda, só deforma. Como é que você pode ficar pensando em guerra se depois você tem que reconstruir uma coisa que já estava construída?", questionou.
O presidente pediu que os novos diplomatas se valorizem como agentes do Estado brasileiro no exterior. "Nunca antes na história deste país esse país foi tão respeitado no exterior como é hoje. Nós temos uma diplomacia competente, uma diplomacia respeitada no mundo inteiro. E eu, possivelmente, por ser um torneiro mecânico, não ter um diploma universitário, não falar nenhuma língua - vocês, quando estiverem comigo, vão ter que traduzir tudo que eu falar - eu faço questão de me impor como presidente deste país. Este país é muito importante no mundo. A gente pode ser uma potência mundial de verdade. A gente precisa parar de ser um país ‘em vias de desenvolvimento’, ‘em vias de crescimento’. Chega! Eu nasci há 78 anos e o Brasil já era isso. Chega! Nós somos um país pronto, que tem um país que tem conhecimento tecnológico e científico, que tem uma diplomacia preparada, temos uma base intelectual muito sólida. Então nós temos que nos fazer respeitar, e é com esse respeito que eu quero que vocês exerçam plenamente a nova função que vocês vão assumir, de diplomatas brasileiros, em qualquer que seja o departamento, independente de ser em qualquer país. Sintam-se muito importantes. Coloquem a autoestima de vocês no lugar mais alto que for possível. E vocês têm que dizer todo dia: sou brasileiro, sou diplomata brasileiro, e não desisto nunca. Vamos à luta, e nós vamos vencer".
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