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    Mossad espionou e ameaçou membros do TPI por investigação contra massacre de palestinos por Israel

    Segundo o The Guardian, Israel 'mobilizou as suas agências de inteligência para vigiar, hackear, pressionar, difamar e ameaçar funcionários do Tribunal Penal Internacional'

    Benjamin Netanyahu (Foto: Abir Sultan/Pool via Reuters)

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    247 - Uma reportagem do jornal britânico The Guardian, publicada nesta terça-feira (28), revelou que Fatou Bensouda, ex-procuradora do Tribunal Penal Internacional (TPI), foi alvo de ameaças e pressões por parte de Yossi Cohen, ex-diretor do Mossad, a agência de inteligência de Israel. Segundo a reportagem, Cohen teria tentado persuadir Bensouda a cancelar a investigação sobre crimes de guerra cometidos por Israel na Palestina. “O país mobilizou as suas agências de inteligência para vigiar, hackear, pressionar, difamar e alegadamente ameaçar funcionários seniores do TPI, num esforço para inviabilizar as investigações do tribunal”, destaca o periódico britânico.

    O caso começou em 2015, quando Bensouda decidiu abrir uma investigação preliminar sobre alegações de crimes cometidos por Israel em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. A decisão atraiu a atenção de Israel, levando Cohen, então chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, a coordenar um esforço contra o TPI.

    Em janeiro de 2016, Cohen foi nomeado diretor da Mossad e intensificou as pressões sobre Bensouda. De acordo com várias fontes ouvidas pela reportagem, desenvolvida de forma conjunta com as revistas israelitas +972 e Local Call, Bensouda foi alvo de “ameaças, manipulação e perseguição” para abandonar a investigação. Relatos indicam que Cohen afirmou: “você deveria ajudar-nos e deixar-nos cuidar de si. Você não se quer envolver em coisas que possam comprometer sua segurança ou a da sua família”.

    Em dezembro de 2019, Bensouda anunciou a abertura de uma investigação criminal completa sobre alegações de crimes de guerra em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, após concluir que havia motivos suficientes para um inquérito. Com isso, as ameaças e pressões de Cohen se intensificaram, incluindo investigações e pressões sobre a família de Bensouda. Fontes revelaram que o Mossad obteve transcrições de gravações secretas do marido de Bensouda para tentar desacreditá-la, mas sem sucesso. Descreveram os esforços como parte de uma “campanha de difamação” mal sucedida contra Bensouda, que não afetou seu trabalho.

    Israel contou, ainda, com o apoio de Joseph Kabila, ex-presidente da República Democrática do Congo, na tentativa de intimidar Bensouda. Em março de 2021, Bensouda anunciou a abertura de uma investigação sobre crimes de guerra cometidos por Israel, após confirmar a jurisdição do TPI nos territórios palestinianos ocupados.

    Recentemente, Bensouda concluiu seu mandato e seu sucessor, Karim Khan, assumiu a investigação e manifestou o posicionamento de que pode pedir mandados de prisão detenção para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, além do ministro da Defesa, Ioav gallant, e dirigentes do Hamas por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza. Karim Khan afirmou ter motivos razoáveis para acreditar na responsabilidade criminal de Netanyahu e Yoav Gallant, por crimes cometidos desde outubro de 2023. Ainda conforme a reportagem, “a vigilância continuou nos últimos meses, proporcionando ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu , conhecimento prévio das intenções do procurador. Uma recente comunicação interceptada sugeria que Khan queria emitir mandados de prisão contra israelenses, mas estava sob ‘tremenda pressão dos Estados Unidos’, segundo uma fonte familiarizada com o seu conteúdo”.

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