Na cúpula de Kazan, Putin terá agenda bilateral com Dilma e todos os líderes dos BRICS, exceto Lula
Presidente Lula estará ausente em razão de um acidente doméstico
247 – O presidente russo, Vladimir Putin, vai conduzir uma série de reuniões bilaterais durante a cúpula do BRICS, que se inicia nesta terça-feira, 22 de outubro, em Kazan, na Rússia. O encontro é um dos maiores eventos de política externa já realizados no país e reunirá 36 nações, incluindo 22 chefes de Estado e seis organizações internacionais. A Sputnik Brasil reportou que entre os compromissos de Putin está uma reunião com Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), além de encontros com os principais líderes do grupo: Xi Jinping, da China, Narendra Modi, da Índia, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, e Abdel Fattah al-Sisi, do Egito.
No entanto, uma ausência notável será a do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que precisou cancelar sua participação devido a um acidente doméstico. Embora Lula tenha participado de diversos eventos internacionais este ano, sua ausência na cúpula de Kazan destaca um imprevisto significativo, já que o presidente brasileiro é uma figura central nas discussões sobre a ampliação e a reforma do BRICS.
Foco na cooperação financeira e alternativas aos mecanismos ocidentais
A primeira reunião de Putin será com Dilma Rousseff, que assumiu a presidência do NBD em 2023. A expectativa é que ambos discutam o papel estratégico da instituição como uma alternativa aos mecanismos financeiros ocidentais. “O Novo Banco de Desenvolvimento tem sido crucial para fortalecer a cooperação financeira no grupo”, afirmou o líder russo em declarações recentes. A Rússia vê o NBD como um instrumento essencial para promover investimentos em projetos de infraestrutura e inovação nos países do BRICS e também no Sul Global, uma prioridade para Moscou em meio ao isolamento crescente imposto por sanções ocidentais.
Além de destacar a necessidade de ampliação do banco, Putin também deve reforçar a importância de alinhar o NBD com outros mecanismos de cooperação financeira que busquem reduzir a dependência do sistema financeiro global dominado pelos EUA e seus aliados. A visão de uma ordem financeira multipolar é uma bandeira que a Rússia, a China e outros membros do BRICS defendem há anos, e o encontro de Kazan deve servir para avançar essa agenda.
Diplomacia com China, Índia, África do Sul e Egito
Após o encontro com Dilma, Putin dará início a uma série de reuniões bilaterais com os principais líderes do BRICS. O primeiro deles será o presidente chinês, Xi Jinping. Esse será o terceiro encontro entre os dois em 2024, marcando uma continuidade no estreitamento das relações entre Moscou e Pequim. A pauta deverá incluir questões econômicas e comerciais, além de discussões sobre a cooperação industrial e a segurança internacional. Ambos os países compartilham uma visão de uma ordem mundial multipolar, e as conversas devem reforçar o compromisso de Moscou e Pequim em seguir defendendo essa nova configuração global.
Putin também se reunirá com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em um momento de grande expectativa para o fortalecimento das relações bilaterais entre as duas potências. A Índia tem se consolidado como um parceiro estratégico da Rússia, especialmente na área de energia, onde ambos os países colaboram na construção da usina nuclear Kudankulam e no desenvolvimento de tecnologias espaciais. A Roscosmos, agência espacial russa, tem trabalhado em conjunto com a Organização Indiana de Pesquisa Espacial, e este será um dos temas centrais do encontro.
A relação entre a Rússia e a África do Sul também estará em pauta durante a cúpula. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, visitou a Rússia duas vezes em 2023 e mantém uma relação próxima com Putin. As áreas de cooperação entre os dois países incluem energia, agricultura e inovação tecnológica. A África do Sul é vista como uma das pontes de ligação entre o BRICS e o continente africano, e o aprofundamento dessa cooperação é um dos interesses russos.
Outro encontro estratégico será com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi. As relações entre os dois países têm se fortalecido, com o comércio bilateral aumentando 35% entre janeiro e agosto de 2024. O Egito é um parceiro-chave para a Rússia no Oriente Médio e no Norte da África, e os líderes discutirão temas de cooperação em áreas como defesa, infraestrutura e energia.
Cúpula do BRICS: expansão e nova ordem mundial
Um dos principais tópicos da cúpula de Kazan será a possível expansão do BRICS, com a inclusão de novos membros ou a criação de uma categoria especial para Estados parceiros. A proposta reflete o crescente interesse global no bloco, especialmente de países do Sul Global que buscam se distanciar da influência das instituições financeiras ocidentais.
As reuniões bilaterais de Putin não encerram sua agenda no evento. Ao longo dos três dias de cúpula, ele se encontrará com quase todos os líderes presentes em Kazan, consolidando a Rússia como um ator crucial no esforço para reorganizar a ordem global. Em um cenário de crescente polarização internacional, o BRICS emerge como um fórum de debates e articulação que pode redefinir as relações econômicas e políticas globais.
Mesmo com a ausência do presidente Lula, a participação do Brasil continuará a ser representada por membros do governo e do setor empresarial, que devem manter diálogos importantes sobre a cooperação energética e o comércio dentro do bloco. O Brasil, assim como outros membros do BRICS, segue comprometido com os objetivos do grupo, que incluem a busca por uma governança global mais equitativa e inclusiva.
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