Pesquisa global mostra otimismo com a volta de Trump e expectativa pela liderança da China como potência mundial
No Brasil, 43% acham que o retorno de Trump à Casa Branca será bom para Brasília e 56% consideram provável que a China se torne a maior potência do mundo
247 - Uma pesquisa global realizada pelo Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR) revelou que o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025 gera mais apreensão entre aliados tradicionais do que entre países rivais ou com posturas geopolíticas neutras, relata a Folha de S. Paulo. O estudo, conduzido em novembro do ano passado com 28.549 entrevistados, apontou que nações integrantes dos BRICS demonstram otimismo com a volta do republicano, enquanto países europeus expressam maior ceticismo. No Brasil, a pesquisa foi realizada pela empresa MarketAnalysis.
Na Índia, 85% dos entrevistados consideram que a volta de Trump será benéfica para os EUA e 84% veem impactos positivos para o próprio país. A Arábia Saudita e a Rússia também apresentaram altos índices de aprovação, com 69% e 59% respectivamente, em relação aos EUA. Já no Brasil, 56% dos participantes veem o retorno do ex-presidente americano como positivo para os Estados Unidos, enquanto 43% acreditam que trará benefícios para o Brasil. Em contraste, 25% dos brasileiros avaliam a volta de Trump como negativa para o país.
Entre os aliados ocidentais, prevalece a desconfiança. No Reino Unido, apenas 15% demonstraram otimismo com a eleição de Trump, enquanto 54% a veem de forma negativa. Na União Europeia, os números são semelhantes, com 22% de aprovação e 38% de rejeição. Na Coreia do Sul, apesar de 49% dos entrevistados verem o retorno de Trump como positivo para os EUA, apenas 11% enxergam benefícios para seu próprio país. Já na Ucrânia, 55% dos entrevistados consideram que o impacto será neutro ou preferiram não opinar.
Rússia X Ucrânia - A pesquisa também revelou uma mudança significativa na percepção sobre o desfecho da Guerra da Ucrânia. Em maio de 2024, 58% acreditavam que Kiev sairia vitoriosa. No entanto, em novembro, esse índice caiu para 34%, enquanto 47% passaram a considerar mais provável a assinatura de um acordo de paz.
Ivan Krastev, coautor do estudo e presidente do Centro de Estratégias Liberais, destacou o isolamento da Europa diante do possível retorno de Trump: "enquanto muitos europeus enxergam o presidente eleito como um desestabilizador, outros, em diferentes partes do mundo, o veem como um pacificador. Essa posição coloca a Europa em um ponto de inflexão em suas relações com a nova administração americana".
Mark Leonard, cofundador do ECFR, complementou: "em vez de tentar liderar uma resistência global contra Trump, os europeus deveriam assumir a responsabilidade por seus próprios interesses e buscar maneiras de construir novas relações em um mundo mais transacional".
China X EUA - Outro dado relevante da pesquisa é a expectativa de que a China ultrapasse os Estados Unidos como principal potência global nas próximas duas décadas. A maioria dos entrevistados em todos os países pesquisados acredita que Washington manterá ou aumentará sua influência global, mas também consideram provável que Pequim supere os EUA nesse período. No Brasil, 70% acreditam que a influência americana crescerá, enquanto 56% consideram provável que a China se torne a maior potência mundial.
Entre os países dos BRICS, a perspectiva de ascensão da China é ainda mais forte: 81% dos chineses, 77% dos russos, 71% dos sauditas e 67% dos sul-africanos compartilham dessa visão. A Índia, por sua vez, se mostra dividida, com 45% acreditando nessa possibilidade e 44% discordando.
Os resultados da pesquisa revelam um cenário global em transformação, onde a influência americana é questionada e a ascensão da China é vista como inevitável por grande parte do mundo. Esse panorama coloca desafios estratégicos para os países ocidentais, especialmente a Europa, diante de um mundo cada vez mais multipolar e transacional.
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