“Presidência brasileira do BRICS começou da melhor maneira possível, com a entrada da Indonésia”, diz Pepe Escobar
Analista geopolítico afirma que os BRICS começam o ano ainda mais fortes
247 – A nova fase dos BRICS – bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Egito, Etiópia, Emirados Árabes, Irã e Arábia Saudita – promete impactar o cenário internacional em 2025. A avaliação é do jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar, que no programa Pepe Café, apresentado por ele próprio, comemorou o fato de a Indonésia ter sido confirmada como membro pleno do grupo sob a presidência brasileira. Em suas palavras, essa adesão representa “uma bomba geopolítica e geoeconômica gigantesca”.
As observações de Escobar foram publicadas na transcrição de vídeo intitulada “Trump anexa tudo; BRICS recebe a Indonésia – YouTube”, disponível no YouTube. Segundo o analista, o ingresso do maior país do Sudeste Asiático marca “o começo da melhor maneira possível” para o comando brasileiro nos BRICS. Ele ressalta que a Indonésia é “a sétima maior economia do mundo por paridade de poder de compra” e vai ampliar a influência do bloco em questões estratégicas, como comércio exterior, segurança energética e política multilateral.
“A decisão conjunta dos BRICS é absolutamente crucial porque abre o bloco para o Sudeste da Ásia.”
(Pepe Escobar, em declaração no Pepe Café)
Uma nova dinâmica geopolítica
Ainda de acordo com o analista, o ano de 2025 deve trazer um embate intenso entre os Estados Unidos, sob o segundo mandato de Donald Trump, e os países emergentes que consolidam o Sul Global. Ele acredita que a estratégia de Washington seja travar uma guerra híbrida e comercial contra a China, a fim de conter o crescimento de organizações como os BRICS. Entretanto, ressalta que o real alvo norte-americano é todo o bloco: “Uma guerra não declarada […] é, na verdade, uma guerra contra o Sul Global inteiro”.
Essa percepção ganha mais relevância a partir do momento em que os BRICS, segundo Escobar, “já representam quase 42% do PIB mundial em paridade de poder de compra e quase metade da população do planeta”. A esse fator, soma-se a articulação dos países-membros para fortalecer instituições financeiras que sejam alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, uma intenção que, para as elites estadunidenses, soaria como ameaça à atual arquitetura monetária global.
O desafio brasileiro
Na presidência do bloco, o Brasil tem a missão de coordenar as ações conjuntas dos BRICS ao longo de um período marcado por grandes eventos internacionais e por possíveis novas tensões geopolíticas, incluindo conflitos no Oriente Médio. Especialistas questionam a antecipação da cúpula dos BRICS para o meio do ano, o que, para eles, restringiria a margem de manobra do Brasil na condução de discussões relevantes. Ainda assim, a expectativa, reforçada por Pepe Escobar, é que o país exerça um papel protagonista capaz de fomentar uma “mudança de jogo” internacional.
Outro ponto de destaque mencionado no Pepe Café é a possível escalada de tensões no Oeste da Ásia, onde Irã, também membro dos BRICS, pode enfrentar ações coordenadas de Estados Unidos e Israel. Em um cenário de ataque contra Teerã, Escobar observa que Rússia e China podem reagir em conjunto, o que abriria uma frente de conflito imprevisível. “Um ataque contra o Irã é um ataque contra os BRICS”, alerta o analista, indicando o potencial de desestabilização caso haja investidas militares contra qualquer um dos integrantes do grupo.
Perspectivas para 2025
O panorama desenhado por Pepe Escobar no Pepe Café apresenta um cenário complexo: ao mesmo tempo em que os BRICS expandem seus domínios, incorporando países-chave como a Indonésia, surge a perspectiva de uma nova onda de conflitos regionais e disputas comerciais globais. A esperança, segundo o analista, é que a construção de uma maior cooperação entre os países do Sul Global ajude a neutralizar os efeitos das chamadas “guerras eternas”, que, sob Trump 2.0, tenderiam a se intensificar em regiões estratégicas como a Ásia e o Oriente Médio.
“O grande tema internacional de geopolítica [é] a continuação das Guerras eternas […]. Em contrapartida, temos essa organização progressiva dos BRICS e [espera-se] que a presidência brasileira ainda consiga propor soluções que beneficiem os países do Sul Global.”
(Pepe Escobar, em declaração no Pepe Café)
Seja como for, a adesão indonésia renova o fôlego do bloco e reforça o que Escobar define como “um caminho seguro rumo ao multipolarismo”. Com um peso cada vez maior, os BRICS podem representar a alternativa que muitos países buscam para ter voz ativa na definição dos rumos da política e da economia globais. Resta saber até onde chegará a postura de confronto dos Estados Unidos diante desse rearranjo. Assista:
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