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Putin alerta: doutrina de segurança da Rússia prevê o uso de armas nucleares

Presidente russo afirmou que o Ocidente erra ao presumir que a Rússia nunca usará tais armas

O presidente russo, Vladimir Putin, presta juramento durante uma cerimônia de inauguração no Kremlin, em Moscou, Rússia, em 7 de maio de 2024, nesta imagem tirada de um vídeo transmitido ao vivo (Foto: Kremlin.ru)

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SÃO PETERSBURGO, Rússia (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que o Ocidente está errado em presumir que Moscou nunca usará armas nucleares e afirmou que considera posicionar mísseis convencionais com alcance para atingir os Estados Unidos e seus aliados.

A invasão da Rússia à Ucrânia em 2022 provocou o pior rompimento de relações entre Rússia e Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962 e o Kremlin tem alertado que o risco de uma guerra mundial está crescendo. 

Cara a cara com editores seniores de agências de notícia internacionais pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, Putin disse que as alegações do Ocidente de que a Rússia pode atacar a Otan são "estúpidas", citando a força militar da aliança. 

Mas o líder de 71 anos do Kremlin também disse que a doutrina nuclear da Rússia permite o uso dessas armas caso a integridade territorial e a soberania do país estejam ameaçadas. 

"Por alguma razão, o Ocidente acredita que a Rússia nunca as usará", afirmou Putin, ao ser questionado pela Reuters sobre o risco de uma escalada nuclear por causa da Ucrânia, durante mais de três horas de entrevista. 

"Nós temos uma doutrina nuclear, veja o que ela diz. Se as ações de alguém ameaçarem nossa soberania e integridade territorial, nós consideramos possível usar todos os meios à nossa disposição. Isso não deveria ser considerado de maneira leviana ou superficial." 

Publicada em 2020, a doutrina nuclear da Rússia estabelece as condições pelas quais o presidente russo consideraria o uso de arma nuclear: no geral, como resposta a um ataque usando armas nucleares ou outras armas de destruição em massa ou ao uso de armas convencionais contra a Rússia "quando a própria existência do Estado tiver sido colocada sob ameaça". 

Putin rejeitou as afirmações do Ocidente de que a Rússia está brandindo o sabre nuclear e lembrou que os Estados Unidos são o único país que usou armas nucleares em uma guerra ao atacar as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945. 

MÍSSEIS 

Putin alertou que a decisão do Ocidente de permitir que a Ucrânia use mísseis ocidentais cada vez mais poderosos para atacar território russo é uma séria escalada e avaliou que essas armas teriam que ser guiadas por sistemas e funcionários ocidentais. 

O presidente Joe Biden autorizou Kiev a lançar armas fornecidas pelos EUA contra alvos militares dentro da Rússia, mas Washington ainda proíbe a Ucrânia de atingir a Rússia com ATACMS, que têm um alcance de até 300 kms, e outras armas de longo alcance fornecidas pelos EUA. 

Questionado sobre as decisões do Ocidente, Putin fez uma diferenciação entre armas, mas disse que o uso de ATACMS ou mísseis britânicos Storm Shadow contra a Rússia poderia levar a uma resposta mais dura de Moscou.  

Líderes ocidentais e a Ucrânia minimizaram os avisos sobre o risco de uma guerra mais ampla envolvendo a Rússia, maior potência nuclear do mundo, mas alertaram várias vezes que Putin pode atacar um membro da Otan, aliança militar mais poderosa do mundo, liderada pelos Estados Unidos. 

Tanto Putin quanto Biden disseram que um conflito direto entre Rússia e Otan seria um passo na direção da Terceira Guerra Mundial. 

"Vocês não deveriam fazer com que a Rússia seja a inimiga. Estão apenas se prejudicando com isso, sabe?", disse Putin. 

"Eles acham que a Rússia queria atacar a Otan. Vocês ficaram completamente loucos? Isso é tão grosseiro quanto essa mesa. Quem inventou isso? É completamente sem sentido, sabe? Uma besteira completa."

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