Rússia: exercícios nucleares da Otan alimentam tensões em meio à "guerra quente" na Ucrânia
O debate acontece em um cenário de retórica nuclear intensificada do presidente russo, Vladimir Putin
MOSCOU (Reuters) - O Kremlin disse que os exercícios nucleares anuais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que começaram nesta segunda-feira, estão impulsionando as tensões em meio à "guerra quente" que se desenrola na Ucrânia.
A Otan estava programada para iniciar os exercícios "Steadfast Noon" nesta segunda, disse o secretário-geral da aliança, Mark Rutte, na quinta-feira, o que ele considerou uma poderosa demonstração de capacidade de dissuasão em um cenário de retórica nuclear intensificada do presidente russo, Vladimir Putin.
Os caças F-35A e os bombardeiros B-52 estarão entre as cerca de 60 aeronaves de 13 países que participarão dos exercícios, organizados pela Bélgica e pela Holanda, segundo autoridades da Otan.
"Nas condições de uma 'guerra quente', que está ocorrendo no âmbito do conflito ucraniano, esses exercícios não levam a nada além de uma escalada ainda maior da tensão", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.
Peskov afirmou que também é impossível discutir armas nucleares com os Estados Unidos, ao que Washington sinalizou estar aberto, porque as potências nucleares ocidentais estão envolvidas no conflito contra a Rússia e, portanto, quaisquer conversas sobre segurança precisariam ter um escopo muito mais amplo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse, após a entrega do Prêmio Nobel da Paz na sexta-feira a Nihon Hidankyo, um movimento de sobreviventes japoneses das bombas atômicas lançadas pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, que o país está pronto para negociar com Rússia, China e Coreia do Norte para reduzir a ameaça nuclear.
"No contexto da guerra que está sendo travada contra a Rússia com o envolvimento indireto e até mesmo direto de potências nucleares como Estados Unidos, Reino Unido e França, é absolutamente impossível falar sobre isso sem vincular a questão a todos os outros aspectos de segurança", disse Peskov.
"De fato, nosso presidente já falou sobre isso. A Rússia considera esses contatos necessários e eles não podem ser adiados, mas devemos considerar todas as questões de segurança como um todo, levando em conta o estado atual das coisas."
Peskov rejeitou uma declaração de Bruno Kahl, chefe do serviço de inteligência estrangeira da Alemanha, que disse nesta segunda-feira que as forças russas estariam em posição de atacar o território da Otan até o final desta década, no máximo.
"A Rússia nunca se moveu com sua infraestrutura militar em direção à Otan, sempre foi o contrário", afirmou Peskov.
"Dizer, portanto, que são as forças armadas russas que representam um perigo para qualquer um é absolutamente errado, ilógico e, o mais importante, contradiz todo o curso da história, que levou ao confronto que agora estamos todos experimentando juntos."
(Por Dmitry Antonov)
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