Sheinbaum comemora isenção de novas tarifas de Trump, apesar de México já ter sido alvo de taxação
Presidenta mexicana afirma que isenção de tarifas por parte dos EUA reflete força do governo
247 -A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, comemorou nesta quinta-feira (3) o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o país permanecerá fora da nova rodada de tarifas comerciais recíprocas.
A declaração foi feita durante o chamado “Dia da Libertação”, evento promovido pelo mandatário norte-americano para o anúncio de novas tarifas. Segundo Sheinbaum, o fato de o México não estar incluído nas medidas protecionistas é resultado direto do relacionamento construído com o governo dos Estados Unidos. A informação foi publicada originalmente pelo jornal El País.
“Isso é bom para o país. Embora alguns não queiram reconhecer”, afirmou a presidenta. “Tem a ver com a boa relação que construímos entre o governo do México e o dos Estados Unidos, baseada no respeito aos mexicanos e à soberania nacional. Isso permitiu que o México não tivesse tarifas adicionais. Tem a ver com a força do nosso governo. Como sempre digo: há muito povo no México.”
México escapa de novas tarifas pesadas impostas a outros países
As novas medidas anunciadas por Trump preveem tarifas pesadas sobre importações de diversas origens: 20% para produtos europeus, 34% para mercadorias chinesas e 25% sobre todos os bens fora do Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (TMEC), incluindo aço, alumínio e veículos. No entanto, tanto o México quanto o Canadá foram poupados das chamadas “tarifas recíprocas”.
Ela relembrou uma conversa ocorrida em março com Trump, na qual a reciprocidade comercial já havia sido discutida. “Não sei se lembram, mas após a última ligação com o presidente Trump, comentei que, se fossem tarifas recíprocas, não haveria tarifas, porque, como o México não impõe tarifas aos EUA, os EUA também não o fariam ao México”, disse.
Ainda em negociação: aço, alumínio e veículos
Apesar do alívio nas tarifas, dois decretos norte-americanos ainda impactam o México. Um deles trata da indústria automotiva; o outro, do aço e do alumínio. Ambos são aplicáveis a todos os países, não apenas ao México e ao Canadá. A presidenta ressaltou que as negociações seguem em andamento, especialmente na área automotiva, altamente integrada entre os dois países. “Seguimos trabalhando nesses temas”, afirmou.
O secretário de Economia, Marcelo Ebrard, estará em Washington na próxima semana para dar continuidade às negociações. Ele declarou que busca “melhores condições” para os veículos mexicanos e também para os setores de aço e alumínio, embora esses representem apenas 2% das exportações — segmento no qual os EUA têm superávit. “Isso ainda não terminou, é um capítulo, mas ainda não acabou”, disse o ministro.
Dez milhões de empregos protegidos com setores poupados
Marcelo Ebrard apresentou números que demonstram os impactos positivos da estratégia adotada pelo governo mexicano. Ele estima que as isenções conseguidas dentro do TMEC protegeram cerca de 10 milhões de empregos em setores como o agroalimentar, eletrônico, químico, farmacêutico, vestuário, calçados e dispositivos médicos.
Durante a coletiva, Ebrard exibiu um mapa intitulado “Hoje, o México tem um tratamento preferencial”, em que comparou a situação mexicana com a de outros países. Israel, por exemplo, aliado tradicional de Washington, enfrentará tarifas de 17%. Singapura, Austrália e Marrocos terão 10%; e, na América Latina, países como Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Argentina e El Salvador também sofrerão com as tarifas, apesar de suas boas relações com os EUA.
Ebrard destacou: “Nosso tratado tem 0%, é o único caso. É isso que representa a estratégia da presidenta, é uma grande conquista. Quando isso começou, não haveria nenhuma exceção.”
México já sofreu com tarifas com governo Trump 2.0
Desde o início de seu segundo mandato em janeiro, o presidente dos Donald Trump implementou uma série de tarifas comerciais significativas no México. Em 1º de fevereiro de 2025, menos de duas semanas após sua posse, Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, além de um adicional de 10% sobre todos os bens chineses, com início em 4 de fevereiro.
Além disso, o México deve ser afetado pela imposição de tarifas norte-americanas de 25% sobre automóveis importados. A medida foi anunciada ontem por Trump e já gerou anúncios de montadoras americanos migrando operações para os EUA.
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