Tarifaço de Trump aumenta dificuldades da economia mundial
Novas medidas protecionistas unilaterais ameaçam crescimento global e elevam tensões comerciais
247 - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ampliar as tarifas sobre importações agrava as incertezas sobre uma economia global já fragilizada. As novas tarifas foram anunciadas na quarta-feira (2) e elevaram significativamente o custo de produtos importados, impactando diretamente mercados emergentes e parceiros comerciais tradicionais dos EUA. Trump justificou a medida afirmando que a iniciativa trará de volta a produção industrial ao território norte-americano.
Em pronunciamento no Rose Garden da Casa Branca, Trump declarou que aplicaria uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações, com taxas específicas mais altas para países como China (34%) e União Europeia (20%). Além disso, confirmou-se a imposição de uma tarifa de 25% sobre automóveis e autopeças. Segundo ele, essas medidas são necessárias para reforçar setores estratégicos da economia norte-americana.
A Reuters ouviu especialistas que alertam para os riscos dessa política. "As tarifas de Trump correm o risco de destruir a ordem global de livre comércio que os próprios Estados Unidos lideram desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou Takahide Kiuchi, economista executivo do Nomura Research Institute. Para Antonio Fatas, macroeconomista da escola de negócios INSEAD, na França, "vejo isso como uma deriva da economia dos EUA e global em direção a um desempenho pior, mais incerteza e possivelmente caminhando para algo que poderíamos chamar de recessão global".
O impacto imediato das novas tarifas se reflete no mercado financeiro. Nesta quinta-feira, os índices acionários despencaram, enquanto investidores buscaram refúgio em ativos mais seguros, como títulos públicos, ouro e iene.
Os efeitos negativos também serão sentidos nas principais economias asiáticas, altamente dependentes do mercado norte-americano. Marcel Thieliant, chefe da Ásia-Pacífico na Capital Economics, ressalta que "as economias asiáticas serão mais duramente atingidas do que a maioria pelas tarifas recíprocas dos EUA". China, Japão e Coreia do Sul estão entre os países mais afetados e já discutem medidas emergenciais para mitigar os danos. O governo japonês, por exemplo, alertou que as taxas podem violar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas disse que avaliará opções antes de adotar represálias.
Enquanto isso, autoridades europeias demonstram preocupação com os impactos de longo prazo da política protecionista de Trump. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, declarou que o continente deve acelerar reformas para competir em um "mundo invertido". "Todos se beneficiaram de um poder hegemônico, os Estados Unidos, que estava comprometido com uma ordem multilateral baseada em regras", disse Lagarde. "Hoje precisamos lidar com o fechamento, a fragmentação e a incerteza."
Com o aumento dos custos de importação, empresas norte-americanas também podem enfrentar dificuldades. Caso a indústria doméstica não consiga suprir a demanda interna, os preços ao consumidor tendem a subir, impactando a inflação. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou recentemente que a entidade pode revisar para baixo sua projeção de crescimento global para 2025, atualmente em 3,3%.
Se a estratégia protecionista não se traduzir em investimento industrial no solo norte-americano, Trump pode adotar outras medidas agressivas, como pressão sobre o sistema cambial global. "Continuaremos a vê-lo apresentando maneiras potencialmente mais arriscadas de lidar com a força contínua do dólar", avalia Freya Beamish, economista-chefe da TS Lombard. Apesar de poucos analistas preverem uma substituição do dólar como moeda de reserva global, um realinhamento cambial forçado pode desencadear novos atritos entre os EUA e seus parceiros comerciais.
A economia mundial caminha para um período de incertezas. A intensificação da guerra comercial pode não apenas desacelerar o crescimento global, mas também modificar profundamente as relações econômicas internacionais nos próximos anos.
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