Trump escolhe espião pró-Israel como novo chefe da CIA
O histórico de John Ratcliffe e sua relação próxima com Trump podem representar um fortalecimento da linha dura em segurança nacional
Reuters – O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira a nomeação de John Ratcliffe como diretor da Agência Central de Inteligência (CIA). A notícia, divulgada pela Reuters, reforça a proximidade entre Trump e Ratcliffe, que ocupou o cargo de diretor de Inteligência Nacional (DNI) durante os últimos meses do primeiro mandato de Trump, de maio de 2020 até janeiro de 2021. Ratcliffe, que tem experiência legislativa e no comando de inteligência, foi recentemente co-presidente do Center for American Security, um think tank alinhado às posições de Trump, e serviu como conselheiro de segurança nacional durante a campanha presidencial de 2024.
"Estou ansioso para que John seja a primeira pessoa a ocupar as duas mais altas posições de Inteligência do nosso país. Ele será um defensor implacável dos direitos constitucionais de todos os americanos, garantindo os mais altos níveis de segurança nacional e PAZ ATRAVÉS DA FORÇA", afirmou Trump em comunicado.
Histórico e expectativas
Ratcliffe, ex-membro da Câmara dos Representantes pelo estado do Texas, se destacou como um aliado fiel de Trump durante processos como o impeachment de 2019, em que o ex-presidente foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso. O Senado, controlado pelos republicanos na época, absolveu Trump. Apesar de críticas sobre sua suposta falta de experiência e inclinação partidária, Ratcliffe foi confirmado como DNI em 2020 pelo Senado de maioria republicana, com todos os senadores democratas votando contra sua indicação. Com os republicanos retomando o controle do Senado em 2025, sua aprovação para o cargo de diretor da CIA é esperada sem maiores dificuldades.
Durante seu período como DNI, Ratcliffe posicionou-se de forma contundente em questões internacionais. Em um artigo publicado em dezembro de 2020 no Wall Street Journal, ele escreveu: "A inteligência é clara: Pequim pretende dominar os EUA e o restante do planeta economicamente, militarmente e tecnologicamente." Essa postura o consolidou como um "falcão" em relação à China e um crítico das políticas consideradas brandas em relação a adversários estratégicos.
Críticas e controvérsias
Ratcliffe enfrentou críticas de democratas e ex-funcionários de inteligência por supostamente usar informações desclassificadas em benefício político de Trump e seus aliados. Acusações indicavam que ele teria utilizado dados para atacar adversários políticos, incluindo Joe Biden, então rival de Trump na disputa presidencial. O gabinete de Ratcliffe negou essas alegações.
Mais recentemente, Ratcliffe criticou a política do governo Biden para o Oriente Médio, especialmente a possibilidade de reter embarques de armas para Israel devido às operações militares em Gaza. Em junho, ele publicou um artigo argumentando que essa postura colocava em risco um aliado crucial dos Estados Unidos. Ele também afirmou que o governo Biden não havia sido suficientemente rigoroso com o Irã.
Reação e implicações futuras
A nomeação de Ratcliffe sinaliza uma continuidade da abordagem combativa de Trump em relação às agências de inteligência, que historicamente mantiveram uma relação tumultuada com o ex-presidente. Trump frequentemente acusou membros dessas agências de fazerem parte do "deep state", termo que ele usa para se referir a funcionários de carreira que, segundo ele, têm agendas próprias que contrariam as políticas de sua administração.
Adam Smith, principal democrata no Comitê de Serviços Armados da Câmara, já expressou suas preocupações em relação à nomeação, destacando em postagens recentes que "o cargo de diretor da CIA não deveria ser uma posição de entrada".
O histórico de Ratcliffe e sua relação próxima com Trump podem representar um fortalecimento da linha dura em segurança nacional, especialmente em questões relacionadas à China, Irã e apoio aos aliados tradicionais dos EUA. A confirmação de Ratcliffe no Senado provavelmente trará mais debates sobre a politização da inteligência e o equilíbrio entre a segurança nacional e os direitos constitucionais.
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