Disputa pela vice de Lula em 2026 incomoda Alckmin e o PSB
Vice-presidente gostaria de ter prioridade na formação da chapa
247 – Os rumores de que o MDB e o PSD podem ser chamados a compor a chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições de 2026 estão gerando desconforto no PSB e no vice-presidente Geraldo Alckmin. A reportagem do Valor aponta que Alckmin, que se filiou ao PSB em 2022 para formar a "frente ampla" que ajudou a levar Lula de volta ao poder, está atento às movimentações políticas em torno da próxima disputa presidencial.
O desempenho das eleições municipais, que consagrou o MDB e o PSD como os partidos com maior número de prefeitos eleitos, aliado ao fraco resultado das siglas de esquerda, reforçou a percepção de que uma composição com essas legendas pode ser essencial para viabilizar a reeleição de Lula. Contudo, lideranças do PSB, como o presidente do partido, Carlos Siqueira, e o prefeito do Recife, João Campos, que deve assumir a presidência da legenda em breve, afirmam que o PSB não abrirá mão da vice.
Em entrevista ao programa Roda Viva, João Campos advertiu que “se houver mudança [na vice], pode desagradar muita gente”. Alckmin, por sua vez, tem evitado comentar amplamente o tema, afirmando a interlocutores que a discussão é precoce e que a decisão caberá exclusivamente a Lula. Fontes próximas ao vice-presidente destacam que ele se sente confiante na relação com Lula, ao contrário do MDB, que ainda carrega o estigma do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.Carlos Siqueira destacou em declarações ao Valor que Alckmin teve um papel fundamental na eleição de Lula em 2022, quando formou a frente ampla que derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro por uma margem estreita. Essa importância, segundo ele, não pode ser subestimada.
No entanto, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, desempenha um papel ambíguo. Apesar de fazer parte do secretariado de Tarcísio de Freitas, potencial adversário de Lula em 2026, Kassab mantém ministros importantes no governo, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura). Ele tem defendido que Tarcísio não dispute a presidência, mesmo com Bolsonaro inelegível, alimentando especulações de que o PSD poderia integrar a chapa governista.
Entre os nomes do MDB cotados para a vice, destacam-se o governador do Pará, Helder Barbalho, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro dos Transportes, Renan Filho. Helder Barbalho, em particular, surge como um forte candidato devido à visibilidade que ganhou com a organização da COP30, evento que trouxe bilhões em investimentos federais para Belém e reforçou seu papel de liderança na região Norte.
Aliados de Helder reconhecem a ambição do governador em ocupar a vice-presidência, especialmente após dois mandatos consecutivos à frente do governo do Pará. Essa possibilidade agrada ao Planalto, que vê na candidatura de Barbalho uma forma de garantir votos na região Norte e reforçar a presença do MDB na chapa.
A figura de Alckmin, entretanto, divide opiniões no Palácio do Planalto. Enquanto alguns veem sua relevância para a manutenção da imagem de uma frente ampla como algo que já cumpriu seu papel, outros ainda consideram fundamental sua atuação como interlocutor com a indústria no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Críticos atribuem a ele parte das dificuldades de diálogo com o setor agropecuário, ainda majoritariamente alinhado ao bolsonarismo. Seus defensores argumentam que Alckmin mantém um diálogo com o setor agro empresarial não radical, e que a negociação com o agro bolsonarista é inviável.
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