Lula propõe aliança estratégica com o Japão, defende multilateralismo e diz que muito dinheiro na mão de poucos gera pobreza
Em Tóquio, presidente destaca estabilidade econômica, inclusão social e apelo por parcerias entre empresas brasileiras e japonesas
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (26) uma nova etapa nas relações entre Brasil e Japão, baseada na cooperação econômica, tecnológica e ambiental. O discurso ocorreu no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Japão, em Tóquio, e foi marcado por uma crítica contundente à concentração de renda, além de um forte apelo ao multilateralismo em tempos de incertezas globais.
“Eu tenho dito que muito dinheiro na mão de poucos significa manutenção da pobreza. E pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda, significa distribuição de riqueza”, afirmou o presidente, ao abordar a retomada do papel dos bancos públicos no fomento ao crédito e ao investimento no Brasil. Ele destacou o fortalecimento do Banco do Brasil, do BNDES e da Caixa Econômica Federal como motores da inclusão social e da expansão econômica.
Lula ressaltou a estabilidade política, jurídica e econômica conquistada nos dois primeiros anos de seu mandato, relembrando o crescimento acima das expectativas. “A previsão do crescimento do Brasil era 0,8% em 2023 e nós crescemos 3,2%. Era uma previsão de 1,5% em 2024 e crescemos 3,4%. E eu posso garantir ao primeiro-ministro Ishiba que vamos crescer mais em 2025”, disse, ao lado de lideranças dos três Poderes, empresários e sindicalistas.
Durante o pronunciamento, o presidente mencionou com entusiasmo o legado da cooperação japonesa no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, especialmente no Cerrado, por meio do Programa de Desenvolvimento Agrícola do Cerrado (PRODECER). Também celebrou os investimentos de empresas japonesas no setor automotivo, como Toyota, Honda, Nissan e Mitsubishi, além do acordo anunciado pela ANA para compra de até 20 jatos da Embraer.
Lula também convidou os empresários japoneses a ampliarem seus investimentos no Brasil, apresentando o país como um “porto seguro”. Segundo ele, o Fórum é uma oportunidade de reverter a queda no comércio bilateral, que caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024. “Nós queremos vender e queremos comprar, mas, sobretudo, compartilhar alianças entre empresas brasileiras e japonesas”, declarou.
No plano geopolítico, o presidente fez um firme apelo em defesa da democracia, do livre comércio e do multilateralismo. “Nós não queremos mais muros. Nós não queremos mais Guerra Fria. [...] Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade”, disse. Ele criticou os avanços da extrema-direita negacionista, que, segundo ele, ameaça conquistas democráticas e ambientais em escala global.
Ao final, Lula destacou que o Brasil sediará a COP30 em 2025, no coração da Amazônia, e convidou o primeiro-ministro Ishiba a conhecer pessoalmente a região. “Vamos zerar o desmatamento até 2030 e continuar liderando uma transição energética justa”, disse, lembrando que 50% da matriz energética brasileira é renovável e mais de 90% da matriz elétrica também.
Leia abaixo trechos do discurso do presidente Lula:
Pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Japão em Tóquio, em 26 de março de 2025:
“Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão, em nome de quem cumprimento todas as autoridades japonesas aqui presentes.
Meu caro Tatsuo Yasunaga, CEO da Mitsui e diretor do Comitê Brasil-Japão, senador Davi Alcolumbre, presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, deputado Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, em nome de quem cumprimento todos os deputados brasileiros aqui presentes.
Embaixador Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, em nome de quem cumprimento todos os ministros e as ministras brasileiras aqui presentes.
Meu querido Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que está aqui representando o nosso vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin.
Nossa querida Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil.
Meu querido Jorge Vieira, presidente da Apex Brasil.
E Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, vice-presidente da CNI, por meio de quem cumprimento os empresários brasileiros.
Hoje é um dia feliz e um dia triste para mim. Feliz porque estou no Japão, país com quem o Brasil mantém relação diplomática há 130 anos e país que tem muita responsabilidade com o atual estágio de desenvolvimento do Brasil, tanto na indústria, tecnologia, como na agricultura.
Nós, brasileiros, não poderemos esquecer nunca o que o Japão fez no Cerrado Brasileiro, fazendo uma extraordinária revolução para que o Brasil se transformasse em um dos mais importantes países agrícolas exportador de alimentos.
E triste porque o Brasil perdeu de 4 x 1 da Argentina nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
E também triste porque acharam que eu sou baixinho e colocaram um banco aqui para eu ficar mais alto, quando eu não sou tão baixo assim.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: