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Zanin amplia investigação sobre venda de sentenças no STJ e inclui mais um gabinete na mira da PF

Decisão do STF coloca quatro gabinetes do Superior Tribunal de Justiça sob investigação por suspeitas de vazamento de decisões e corrupção

Cristiano Zanin (Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

247 - O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a incluir mais um gabinete do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que investiga vazamento de decisões e suspeitas de corrupção envolvendo servidores. De acordo com reportagem da Folha, a decisão amplia para quatro o número de gabinetes sob investigação, incluindo o do ministro Paulo Moura Ribeiro. A PF identificou mensagens de um lobista comemorando decisões supostamente obtidas no gabinete de Moura Ribeiro, além de apontar suspeitas sobre um servidor que atuou no local.

O lobista Andreson Gonçalves, preso desde novembro de 2023, é apontado como o principal operador do esquema. Ele aparece em mensagens de WhatsApp antecipando decisões e minutas de ministros do STJ. A PF também identificou que ele enviou ao advogado Roberto Zampieri minutas de decisões proferidas pelo ministro Moura Ribeiro, especialmente em processos nos quais sua esposa, Mirian Ribeiro, atuava como advogada. Em uma das mensagens, Andreson se vangloriava de ter "conseguido" decisões detalhadas, sugerindo proximidade com servidores do gabinete.

A defesa de Andreson e Mirian informou que só se manifestará perante o Judiciário, enquanto o ministro Paulo Moura Ribeiro não respondeu às solicitações de esclarecimento. O delegado Marco Bontempo, responsável pelo caso, não descartou a possibilidade de eventuais buscas no STJ e destacou a necessidade de garantir que a investigação avance sem interferências externas. "Sería por demais incauto descartar, de plano, o envolvimento de juízes, desembargadores ou de ministros nos ilícitos criminosos preliminarmente anunciados", afirmou.

Além disso, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou um pagamento de R$ 938 mil do escritório de Mirian Ribeiro para o escritório da advogada Aline Gonçalves, casada com o desembargador César Jatahy, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Aline afirmou que foi contratada e prestou serviços de advocacia, mas não detalhou os processos em que atuou com Mirian. A investigação segue em andamento, com a PF analisando apenas uma pequena fração dos dados extraídos do celular de Roberto Zampieri, o que pode levar a novas revelações.

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