Congresso e governo planejam reformulação das agências reguladoras
Apagão em São Paulo acentua discussões sobre o papel da Aneel e outros órgãos de controle
247 - O governo de Lula (PT) e o Congresso Nacional estão intensificando os debates sobre a regulamentação das agências reguladoras, com especial atenção à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O tema ganhou destaque após as fortes chuvas e ventos de mais de 100 km/h que atingiram São Paulo, deixando mais de 2,1 milhões de pessoas sem eletricidade. De acordo com informações do portal Metrópoles, o episódio gerou uma onda de críticas à condução do apagão por parte da Aneel e levantou questionamentos sobre o papel e a autonomia das agências reguladoras.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), foi um dos mais críticos em relação ao funcionamento das agências. “Eu não concordo com mandato. Se tiver que ter mandato, eu concordo plenamente com o governo. Sabe por que eu não concordo com mandato? Porque autonomia todos já têm”, afirmou Silveira, referindo-se à necessidade de repensar os mandatos e a forma de atuação desses órgãos.
No Congresso, há movimentações semelhantes. Fontes próximas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sugerem que as discussões sobre a reformulação das agências devem ganhar força após o segundo turno das eleições municipais, marcado para o dia 27 de outubro. Lira, entretanto, alerta para a necessidade de cautela: uma mudança nas agências reguladoras não pode ocorrer de forma precipitada ou no calor do momento, teria confidenciado a interlocutores.
A Aneel, atualmente responsável pela fiscalização e regulação da produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, é apontada como uma das principais agências que podem passar por alterações. Sua diretoria, indicada pelo presidente da República, possui mandatos fixos de cinco anos, mas há uma crescente pressão por parte de congressistas para revisar esse modelo. Muitos parlamentares defendem que as agências, em sua atual forma, acabam funcionando como uma espécie de autorregulação, dado que, em certos casos, são comandadas por integrantes das próprias empresas que deveriam fiscalizar.
Aneel na mira da CGU - A Controladoria-Geral da União (CGU) já abriu uma investigação para apurar irregularidades envolvendo a Aneel. Fontes ouvidas pelo Metrópoles revelaram que a investigação foi motivada pelo descumprimento de prazos estabelecidos em normativas federais, como a implementação de medidas provisórias. A própria Aneel tem conduzido uma investigação interna para apurar possíveis falhas que teriam contribuído para o recente apagão em São Paulo.
Há ainda a possibilidade de sanções mais severas: caso sejam identificadas irregularidades nas cláusulas contratuais, a Enel, concessionária de energia que atua na Grande São Paulo, pode perder a concessão de fornecimento.
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